Em novembro de 2020, Itamaraty instaurou processo para investigar contatos de diplomatas com o jornalista Jamil Chade
O Instituto Vladimir Herzog solicitou esclarecimentos ao Ministério de Relações Exteriores sobre uma sindicância instaurada pelo órgão para investigar contato de diplomatas com o jornalista Jamil Chade, em novembro de 2020.
Jamil é um dos jornalistas mais respeitados no Brasil e no exterior. Notório defensor dos Direitos Humanos, sem recuar, foi um dos maiores porta-vozes contra os planos obscuros do governo Bolsonaro, cobrindo exaustivamente nos últimos quatro anos os descalabros da diplomacia brasileira no mundo por meio de políticas ideológicas e retrógradas.
Segundo documento interno enviado para diplomatas no final de 2020, uma sindicância foi instaurada para investigar relações do corpo diplomático brasileiro com o jornalista. O teor das perguntas é estarrecedor, dado que indicam uma clara tentativa de cerceamento do ofício jornalístico e o explícito constrangimento de todos aqueles e aquelas próximos a Jamil Chade.
Tais medidas reforçam a tese de que o governo de Jair Bolsonaro atentou não somente contra as liberdades de expressão e de imprensa ao investigar o jornalista e seu entorno, mas, sobretudo, contra o Estado Democrático de Direito, ao inquirir o próprio corpo diplomático do órgão sem quaisquer provas ou indícios factuais.
Diante do fato revelado, o Instituto Vladimir Herzog prontamente solicitou esclarecimentos ao atual chanceler Carlos Alberto Franco França e ao futuro ministro Mauro Vieira, que o órgão responda imediatamente porque o Itamaraty agiu para cercear, constranger e criminalizar o jornalista e qual o resultado da sindicância.
Reafirmamos nossa solidariedade a Jamil Chade e a todas e todos os jornalistas e comunicadores que sofreram e ainda sofrem perseguição de um governo derrotado nas urnas. Esperamos que o Itamaraty responda imediatamente nossos questionamentos e apresente os resultados da investigação instaurada em 2020 para que, dessa forma, toda a sociedade brasileira tenha todas as informações sobre o episódio e, assim, possamos atuar para fortalecer a democracia no Brasil e no mundo.
