Elaborado pelo historiador francês Pierre Nora, o conceito de lugares de memória designa espaços, concretos ou não, onde a memória social e coletiva se ancora, alicerça e se expressa. É com essas características que, desde sua fundação, em 2009, o Instituto Vladimir Herzog se estabelece como um dos principais espaços de memória dedicados à história de Vladimir Herzog. “A criação do Instituto partiu de um movimento da família e amigos do Vlado que desejavam amplificar seu legado e dar maior visibilidade à sua luta em defesa da democracia”, explica Rogério Sottili, diretor-executivo do IVH.
13 anos depois, o ideal que pautou o nascimento do Instituto se mantém solidificado nos pilares da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão, valores preciosos para Vlado e que norteiam o trabalho da instituição. “Ele era um fervoroso defensor da democracia e tinha bem claro para si que não existiria país democrático sem liberdade de expressão. Ele também dava muita importância à cultura de paz, e um caminho fundamental para promover essa cultura e combater a violência e a educação em direitos humanos”, diz Sottili.
Mobilizando centenas de pessoas, o Instituto se divide em 3 áreas-eixos – Jornalismo e Liberdade de Expressão, Educação em Direitos Humanos e Memória, Verdade e Justiça –, cuja atuação tem o propósito de reforçar a democracia, sobretudo durante o que Sottili classifica como “um dos períodos mais difíceis da história recente do Brasil”. É por isso que, entre seus maiores desafios atuais, o IVH elenca o cumprimento das recomendações do relatório produzido pela Comissão da Nacional da Verdade, passo essencial para o enfrentamento do histórico de impunidade que assola o país.
“Queremos ser a maior referência da luta contra a ditadura e pela memória. O Brasil tem um problema grave em valorizar espaços de memória, ele esquece o passado e é muito suscetível a aceitar mentiras históricas. Por isso vivemos os absurdos que vemos hoje”, continua o diretor-executivo, apontando a necessidade de uma mudança cultural e o objetivo do IVH em trabalhar melhor esses espaços. Incipiente, o processo já dá frutos potentes, como o portal Memórias da Ditadura, maior acervo online sobre o regime militar no Brasil e que, anualmente, contabiliza mais de 1 milhão de acessos por ano. E este é apenas o começo do caminho em direção a um futuro melhor.
Este texto faz parte da campanha “85 anos Vladimir Herzog: espaços de memória”. Pensada para celebrar a vida e a obra de Vlado, a ação enaltece lugares de memória que levam seu nome na capital paulista. A campanha, que recebe apoio do Itaú Cultural, também convida o público a conhecer mais sobre Vlado no Acervo Vladimir Herzog e inicia um mapeamento dos lugares de memória que levam seu nome em todo o Brasil. Se você conhece um lugar/espaço com o nome de Vladimir Herzog, envie as informações para o IVH neste formulário.