Foto: Souvik Banerjee/Unsplash
Desde fevereiro de 2022, o jornalista Solon Neto é vítima de uma restrição do alcance de suas publicações no Twitter. A medida foi tomada pela própria plataforma ao taguear o perfil de Solon com a mensagem “Russia state-affiliated media” (em português: “Mídia afiliada ao Estado russo)”.
O jornalista, que é um dos fundadores do Alma Preta – agência de jornalismo especializada na temática racial – escreve atualmente para diversos veículos de imprensa, entre eles a agência de notícias internacionais Sputnik Brasil.
No entendimento do Instituto Vladimir Herzog, a medida sugere que Solon Neto tem algum vínculo oficial ou mesmo informal com o governo russo – o que definitivamente não é verdade. A Sputnik é uma agência internacional de notícias operada por uma empresa pública russa e com escritórios espalhados em diversos países do planeta. Ao associar essa configuração administrativa a uma possível falta credibilidade ou de independência editorial, o Twitter atenta contra os princípios da comunicação pública, que é um indispensável instrumento de interesse coletivo, que permite o fortalecimento da cidadania em todo o mundo.
Mais do que isso, a medida do Twitter pode ser considerada uma tentativa de censura a opiniões pessoais de Solon Neto e ameaça os direitos à liberdade expressão e à liberdade de imprensa do jornalista.
Por fim, nos causa preocupação a dificuldade que o jornalista – conforme ele mesmo relatou – tem encontrado em se comunicar com os responsáveis pelo Twitter a fim de que a plataforma possa rever a medida que, claramente, não contribui com o fortalecimento do direito às liberdades de expressão e de imprensa e prejudica o debate público.
Conclamamos os responsáveis pela plataforma a se mobilizarem para retirarem as restrições ao perfil de Solon Neto e prestamos solidariedade ao jornalista que, há tempos, desenvolve um trabalho que desperta todo nosso respeito e admiração.
