O Instituto Vladimir Herzog vem a público manifestar enorme preocupação e exigir uma resposta das autoridades responsáveis em relação às denúncias sobre a atuação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) publicadas ontem, 31 de julho, pelo ICL (Instituto Conhecimento Liberta).
A reportagem assinada por Juliana Dal Piva e Igor Mello mostra que, durante o governo de Jair Bolsonaro, o serviço de inteligência do Estado brasileiro foi usado para produzir conteúdo falso a fim de descredibilizar a reputação e motivar ataques contra o jornalista Leandro Demori, então editor do The Intercept Brasil. Como se não bastasse, a Abin também usou sua estrutura para monitorar Jean Wyllys, na expectativa de conseguir forjar algum conteúdo para atacar o ex-parlamentar.
As informações causam consternação e se somam a uma série de denúncias que evidenciam o uso criminoso, por parte do governo de Jair Bolsonaro, de uma importantíssima e fundamental estrutura do Estado brasileiro. Não é aceitável, sob nenhum aspecto, que o serviço de inteligência de um país seja capturado de forma inconstestavelmente ilegal para produzir conteúdo falso e monitorar o trabalho de jornalistas, ex-parlamentares e ativistas de direitos humanos.
É absolutamente urgente que as autoridades responsáveis deem uma resposta para as denúncias trazidas pelo ICL, que se somam a várias outras publicadas ao longo das últimas semanas por diferentes veículos de imprensa e que reforçam a necessidade de que o ex-presidente Jair Bolsonaro e todos os envolvidos nos atos relatados sejam responsabilizados e punidos pelo que fizeram.
Nós, do Instituto Vladimir Herzog, organização comprometida com a liberdade de expressão, prestamos solidariedade ao jornalista Leandro Demori e ao ex-parlamentar Jean Wyllys, e reafirmamos nosso compromisso em seguir atuando de forma permanente para que atos criminosos cometidos por agentes do Estado e com claros objetivos de cercear o trabalho jornalístico sejam devidamente investigados e punidos.
