A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores realizou entre os dias 9 e 10 de fevereiro, em São Paulo, o 1º Seminário sobre Segurança para Mulheres Comunicadoras e Jornalistas.
Com a presença de 50 jornalistas, comunicadoras e ativistas de 22 estados brasileiros, o evento reuniu uma diversidade de perfis: indígenas, negras, quilombolas, periféricas, mulheres de axé, trans, do campo, da cidade, sem teto e sem terra.
“Para nós, mulheres de axé, foi muito importante a participação em um seminário que fala justamente sobre comunicadoras populares, principalmente por causa da invisibilidade que o povo de santo sempre viveu”, apontou a Iyalaxé Juçara Lopes, diretora nacional do Instituto Mulheres de Axé do Brasil. “Eu acho de suma importância essa inclusão de povos de comunidades tradicionais como os indígenas, quilombolas e nós, povos e comunidades de terreiro, porque isso tudo nos foi negado por muito tempo.”
Ao longo dos dois dias, foram discutidos temas como gênero, raça, política e proteção física e digital. A troca de experiências e saberes entre as profissionais também propiciou a formação de vínculos e o reforço de suas atuações em seus territórios.
“Foi muito impactante ouvir relatos de mulheres tão diversas sobre as violências sofridas por serem comunicadoras. Certamente ainda temos muito o que aprender para nossa proteção, mas o fato de estarmos juntas, conhecendo diferentes mulheres e suas realidades, já colabora para esse fortalecimento coletivo”, disse Mônica Mourão, integrante do Conselho Diretor do Intervozes e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Este foi o primeiro encontro presencial da Rede de Proteção em 2023 e o segundo após a redução no número de casos de Covid-19 e o início da campanha de vacinação.
A Rede
Criada em 2018, como forma de ampliar a proteção e defesa de profissionais da imprensa em âmbito nacional, a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores é um projeto liderado pelo Instituto Vladimir Herzog e a Artigo 19, em parceria com a Repórteres Sem Fronteiras e o Coletivo Intervozes.
Hoje a iniciativa conta com a participação de uma centena de parceiros de todo o país, entre movimentos sociais, comunicadores independentes, jornalistas, organizações de defesa da liberdade de expressão e ativistas.
A Rede também recebe denúncias de violação à liberdade de expressão, auxiliando no atendimento em situações judiciais, atendimento psicológico, divulgação dos casos e incidência em organismos nacionais e internacionais de Direitos Humanos.