O Paço das Artes – instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – inaugura no dia 18 de outubro a exposição Migrações, de Marcelo Brodsky, no MIS. A entrada é gratuita.
Nesta mostra, com curadoria de Priscila Arantes (diretora artística e curadora do Paço das Artes), o fotógrafo argentino recupera suas memórias pessoais para discutir a história coletiva. “Marcelo Brodsky é um fotógrafo conhecido por trabalhar com temas relacionados aos direitos humanos e períodos históricos marcados pela violência do Estado. Nesta mostra, ele aproxima processos migratórios de diversos momentos, tecendo diálogo com sua história particular”, diz Priscila Arantes. Além de criar diálogos entre os processos migratórios, a exposição traz um conjunto de imagens de fontes diversas: arquivo particular do artista, acervos públicos, fotografias tiradas por Brodsky e fotos de agências de notícia.
A curadora explica, ainda, que Migrações foi construída a partir de três eixos – imagens de migrantes que se deslocaram para a América Latina no século XX: o caso argentino; imagens do exílio: baseada na experiência pessoal de Marcelo Brodsky; e imagens da migração contemporânea no Mediterrâneo. “A perda do lar e a busca pela sobrevivência costuram estes diferentes momentos”, afirma.
O primeiro conjunto reúne trabalhos criados a partir de imagens do arquivo familiar do fotógrafo e de arquivos especializados na imigração para a América Latina. O artista intervém nestas fotografias com textos escritos a mão e constrói uma narrativa sobre a imigração de seus avós da Rússia para a Argentina no início do século XX.
Em “imagens do exílio”, Brodsky traz à tona memórias da ditadura militar na Argentina e de seu exílio para Barcelona (Espanha) entre 1978 e 1985, tema de Autorretrato fuzilado (1978), As chaves (1979), entre outras fotos. “Fui imigrante e vivi na carne o que significa abrir caminho em um novo país. Aprendi muito com a transição democrática espanhola. Depois, levei à Argentina os conhecimentos que adquiri em política, direitos humanos e formação visual”, conta.
A repressão política é evocada também em trabalhos da série Buena Memoria (1997), como um vídeo com imagens do Rio da Prata, em cujas águas foram lançados milhares de corpos durante o regime militar na América Latina, uma fotografia do irmão desaparecido e outra do tio que chegou à Argentina por este mesmo rio.
Já a travessia de imigrantes da África para a Europa pelo mar Mediterrâneo completa a exposição. Nos trabalhos desta terceira parte, como Madonna de Pireo, Marcelo Brodsky insere cores e escreve em fotografias de agências de notícias frases como “queremos refúgio”, “todos somos imigrantes” e “o asilo é um direito”.
Mesa-redonda
Na abertura da exposição, o Paço das Artes realiza, ainda, um debate com Priscila Arantes, Marcelo Brodsky, Marie Ange Bordas e Sonia Guggisberg sobre processos migratórios e a situação de refugiados políticos no Auditório do LABMIS, às 17h.
Sobre o artista
Marcelo Brodsky é argentino e tornou-se fotógrafo no exílio em Barcelona nos anos 1980, durante a ditadura militar em seu país. Foi aluno de Manel Esclusa, famoso fotógrafo catalão, no Centro Internacional de Fotografia. Paralelamente, graduou-se em economia pela Universidade de Barcelona. Sua obra traz uma constante abordagem política, expressa em exposições como Los Condenados de la Tierra, Buena Memoria e Nexo. Na obra Imágenes contra la Ignorancia, fez uma intervenção pública contra o nazismo, em Hannover, na Alemanha.
Sobre a curadora
Priscila Arantes é diretora artística e curadora do Paço das Artes, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, desde 2007. Entre 2007 e 2011 foi diretora adjunta do MIS (Museu da Imagem e Som). É pós-doutora pela Pennsylvania State University (EUA), doutora em Comunicação e Semiótica pela (PUC/SP), pesquisadora, crítica de arte e professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu.
Em 2007, foi finalista do 48º Prêmio Jabuti pela publicação Arte@Mídia: perspectivas da estética digital (Ed.Senac/Fapesp). Em 2012, foi contemplada com o prêmio da Getty Foundation (USA), para participar da 101ª Conferência Anual da College Art Association (CAA). É autora também de “Reescrituras da Arte contemporânea: história, arquivo e mídia” (Editora Sulina, 2015). Entre suas curadorias no Paço das Artes, destacam-se os projetosLivro_Acervo (2010), Para Além do Arquivo (2012), Arquivo Vivo (2013), MaPA: Memória Paço das Artes, Abrigo de paisagem/Veículo de passagem (2015), de Rodrigo Braga, e ISSOÉOSSODISSO, de Lenora de Barros.
Sobre as convidadas
Marie Ange Bordas é artista multimídia, escritora e articuladora cultural, que se dedica à criação de projetos de arte participativa, alfabetização visual, mídia e criação de livros, sobretudo, em comunidades deslocadas em diversos países e em comunidades tradicionais no Brasil. Seus projetos enfatizam o cruzamento de linguagens e poéticas para construir processos colaborativos orgânicos, empoderadores e críticos, centrados nos saberes/fazeres e dinâmicas sociais próprias de cada local. Editora do Caderno Videobrasil 09_Geografias em Movimento.
Migrações
Artista: Marcelo Brodsky
Curadoria: Priscila Arantes
Abertura*: 18 de outubro de 2016 >> terça-feira >> 18h
* Na mesma ocasião, ocorre uma mesa-redonda com Marcelo Brodsky, Marie Ange Bordas, Priscila Arantes e Sonia Guggisberg, às 17h.
Grátis
Paço das Artes no MIS
Av. Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo/ SP; tel.: (11) 2117-4777
Horários: terça a sábado, das 12h às 20h; domingo e feriado, das 11h às 19h
Agendamentos de visitas orientadas: [email protected]
Fale conosco: [email protected]
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