No dia 09, Rogério Ferreira da Silva Jr., 19, foi baleado e morto pela PM de São Paulo, por volta das 18h, em uma rua da região do Parque Bristol, zona sul da cidade. O jovem, trabalhava numa empresa de logística e estava indo ao encontro de seus amigos para comemorar seu aniversário quando tudo aconteceu.
Um vídeo de um circuito de segurança mostra o exato momento em que Rogério é abordado por dois agentes e atingido sem chance de reação, cai. Na chegada ao local, a mãe do jovem foi impedida por policiais de se aproximar do filho. A família, mesmo diante da dura perda, passaria ainda 14 horas em uma delegacia.
Causa profunda indignação que mais uma família paulista se some a centenas de outras, destroçadas pela violência policial. Em espaços de tempo cada vez mais curtos, o Estado empilha corpos de seus cidadãos.
Sem instituições públicas capazes de conter a barbárie, o recado que a corporação recebe (e se renova semana após semana) é de que a brutalidade é permitida, principalmente contra jovens negros, nas periferias.
Nós, amigos e familiares de vítimas do Estado, movimentos, organizações negras e de direitos humanos estamos desde junho solicitando uma reunião com o governador João Doria para discutir de forma propositiva sobre a letalidade e violência policial em SP.
Há muitos e muitos anos, várias organizações e movimentos que compõem essa iniciativa têm feito reivindicações explícitas para conter a violência das polícias, a mesma que agora interrompe os sonhos de Rogério em seu aniversário de 19 anos.
O número de pessoas mortas por policiais militares no estado de São Paulo cresceu 21% no primeiro semestre e o governador de São Paulo, recentemente teve nas mãos a oportunidade de se comprometer com uma política de segurança menos contaminada pelo racismo e pela truculência que dele decorre. Ao invés de receber organizações de excelente reputação e membros da sociedade civil de grande relevância, tem preferido não receber o grupo, deixando de priorizar um tema tão urgente e grave como é o da violência de Estado. O resultado recente, foi a execução de Rogério Ferreira da Silva Jr, aos 19 anos.
Provavelmente, ainda nesta semana, novas famílias irão chorar. Não bastasse a pandemia, São Paulo convive com a chacina de seus jovens negros.
Estamos à disposição para um encontro com o governador e esperamos que seja construtivo. Esta é uma pauta civilizatória e vai além das postagens e ações de marketing.
Atenciosamente,
342Artes
Associação Brasileira de Imprensa
Centro de Direitos Humanos e Educação Popular
do Campo Limpo
Comissão Arns
Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP
Conectas Direitos Humanos
Educafro – Educação e Cidadania de
Afrodescendentes e Carentes
Gastronomia Periférica
Grupo Prerrogativas
Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas
Instituto Alana
Instituto Brasileiro de Ciências Criminais
Instituto de Defesa do Direito de Defesa
Instituto Sou da Paz
Instituto Vladimir Herzog
Midrash Centro Cultural
Movimento Independente Mães de Maio
Núcleo de Estudos da Violência – NEV/USP
Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio
Uneafro