O Instituto Vladimir Herzog vem a público para repudiar de forma veemente a ação policial cometida na última quarta-feira, 13 de janeiro, contra uma equipe do jornal Voz das Comunidades, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro.
O repórter cinematográfico Renato Moura acompanhava uma incursão policial dentro do Complexo, até que policiais o abordaram, revistaram e quebraram o celular utilizado para reportagens do Voz das Comunidades. Na abordagem, segundo relatos, os policiais falaram que “o Voz só fala mal da polícia para ganhar fama”.
Lamentavelmente, a violência policial é prática cotidiana em nosso país, especialmente nos bairros periféricos, contra a população negra e pobre do país. A banalização dessas vidas se aprofunda à medida em que a política de extermínio representa uma licença para matar. Praticamente todas as semanas recebemos notícias de episódios de violência policial, que não podem mais ser caracterizados simplesmente como “erros operacionais” ou “tragédias”.
A ação contra a equipe de reportagem do Voz das Comunidades, é importante dizer, é inaceitável e, claramente, tem como intuito intimidar o trabalho jornalístico e impedir que a imprensa se debruce sobre as causas e consequências deste verdadeiro cenário de guerra e violência generalizada imposto pelo Estado brasileiro em favelas e comunidades periféricas em todo o país.
Questionar a imprensa ou discordar dela são atitudes legítimas; tentar silenciá-la com ataques e tentativas de intimidação é uma evidente e grave violação à Constituição e ao Estado democrático de Direito.
O Instituto Vladimir Herzog presta solidariedade a Renato Moura e a toda equipe do Voz das Comunidades e exige que ação cometida no Complexo do Alemão seja celeremente investigada pelas autoridades responsáveis. Somente assim seremos capazes de interromper a escalada de violações à liberdade de expressão e de ataques a jornalistas e comunicadores em todo o Brasil.