22/11/2019

Instituto Vladimir Herzog lamenta a morte do rabino Henry Sobel

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O IVH se solidariza com familiares e amigos de Henry Isaac Sobel. Sua experiência de vida é uma lição, para cada um de nós, sobre a urgência de manter a coragem.

O Instituto Vladimir Herzog (IVH) lamenta profundamente o falecimento do rabino Henry Isaac Sobel na data de hoje, 22 de novembro. Sua trajetória tem uma forte ligação com a família Herzog e com os valores fundantes do IVH, tendo sido uma liderança essencial na defesa da democracia durante a ditadura militar no Brasil, da liberdade de expressão, da dignidade humana e da justiça.

Nascido em 1944 na cidade de Lisboa, em Portugal, o religioso passou parte fundamental de sua história nos Estados Unidos e formou-se rabino em 1970, em Nova York. Sua história no Brasil começou em seguida, após aceitar um convite para integrar a CIP (Congregação Israelita Paulista). Aqui, Henry Sobel foi uma das lideranças que não se acovardou diante das atrocidades e violências operadas pelo Estado brasileiro durante a ditadura civil-militar que assolou o país por duas décadas.

No caso Herzog, Sobel usou sua autoridade e o lugar que ocupava para refutar a narrativa oficial sobre a morte de Vlado. Ele não admitiu que o enterro fosse feito na ala reservada aos que se suicidam no cemitério israelita. Foi assim que Vladimir Herzog, torturado e assassinado no DOI-CODI, órgão de repressão do governo brasileiro, teve assegurado o direito a um sepultamento que respeitasse os ritos judaicos, parte de sua origem e memória, no Cemitério Israelita do Butantã.

Além disso, Sobel e D. Paulo Evaristo Arns celebraram o primeiro ato ecumênico que marcou a história do Brasil na luta contra a ditadura, reunindo mais de 8 mil pessoas e diversos setores da sociedade paulista à época. Realizado na Catedral da Sé, em São Paulo, o protesto aconteceu em 31 de outubro de 1975, seis dias após a morte de Vlado e dando início ao processo que culminaria na redemocratização do país. Outras lideranças religiosas do país também estiveram presentes, como o Reverendo James Wright e D. Hélder Câmara, ambos já falecidos.

A trajetória do rabino reafirma o impacto das atitudes de lideranças religiosas e a importância de tais figuras se comprometerem com valores que protejam e defendam os direitos civis e a dignidade da pessoa humana em qualquer tempo. A atitude do Rabino Henry Sobel se tornou um símbolo de resistência, marcando a história da família Herzog – e do Brasil – de forma profunda.

 

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