Reunião para tratar de golpe é resultado da histórica cultura de impunidade no país
Trecho da delação premiada feita pelo Tenente Coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro – em que eles, junto com dirigentes das Forças Armadas, teriam tratado de um plano detalhado visando a execução de um golpe de Estado – é indício de que a democracia brasileira sempre esteve sob sérios riscos.
Tal declaração nos coloca novamente diante da oportunidade de responsabilizar todos os que atentaram contra a nossa democracia. Os trabalhos da CPMI dos Atos Antidemocráticos e as ações julgadas no Supremo Tribunal Federal são fundamentais para a efetiva superação de uma antiga cultura de impunidade que atravessa nossa história.
O Instituto Vladimir Herzog incansavelmente tem reafirmado que episódios como os de 8 de janeiro de 2023 são resultados diretos da ausência de políticas efetivas para a responsabilização e punição de agentes que há muito e livremente praticam crimes contra o Estado Democrático de Direito.
É preciso que a sociedade civil se mobilize amplamente em defesa da democracia e assuma ações firmes contra intentos golpistas, sobretudo para que o passado não nos assombre, mas para que seja a bússola de aprendizado para um futuro mais justo, de memória e verdade.