Para Paulo Zocchi, presidente da entidade, momento em que a entidade completa 80 anos é de desafios, principalmente por conta da precarização da profissão.
Os 80 anos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) foram comemorados em um evento realizado no último dia 17, no Auditório Vladimir Herzog, na sede da entidade, no centro da capital paulista.
Na avaliação de Paulo Zocchi, presidente do SJSP, o momento em que a entidade completa 80 anos é de desafios, pois os meios digitais mudaram a forma como a informação circula na sociedade, as empresas de comunicação, para serem rentáveis, precarizam constantemente o jornalista para cortar os custos do trabalho e, ao mesmo tempo, os direitos trabalhistas estão sob a ameaça das reformas propostas pelo governo federal.
“As gerações anteriores lutaram para garantir as conquistas que temos hoje e vamos fazer de tudo para barrar a destruição que está em curso. E se perdermos algo, não vamos desistir até lutar para recuperar isso. Nossa luta não para até chegarmos numa sociedade voltada, baseada e calcada nos interesses da maioria da população trabalhadora desse país”, ressaltou o dirigente.
Embates de hoje e ontem
No passado e no presente, o papel do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) ultrapassa o mundo do trabalho. A história da entidade está diretamente atrelada à defesa da democracia, seja na ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1937, seja no golpe civil-militar de 1964 e nos subsequentes anos de chumbo ou em outros episódios em que a democracia, os direitos humanos e a liberdade de expressão estiveram ameaçados.
“Foi no Sindicato que se decidiu o culto ecumênico depois do assassinato do Vladimir Herzog. Mais de oito mil pessoas foram à Praça da Sé, apesar do cerco dos militares para dificultar o acesso da população. Foi a partir da luta feita pelo SJSP que a ditadura começou a cair a partir de 1975”, recordou Audálio Dantas, que presidiu a entidade durante a ditadura militar que vigorou entre 1964 e 1985 no país.
Comissão da Verdade dos Jornalistas
O ato dos 80 anos foi marcado, ainda, pelo lançamento do Relatório da Comissão da Verdade, Memória e Justiça do SJSP. Com a coordenação do jornalista Milton Bellintani Jr., que faleceu em novembro de 2015, o relatório foi concluído com a colaboração de Décio Trujillo Jr. e Thiago Tanji, reunindo a biografia de 25 jornalistas desaparecidos ou mortos durante a ditadura de 1964 a 1985.
O documento também traz o depoimento de 22 profissionais do jornalismo que sofreram perseguições durante o regime militar, além de indicação de livros sobre a temática, conclusões e recomendações a respeito da apuração dos crimes e do direito à memória, à verdade e à justiça.