02/03/2017

COI promete rigor contra violações de direitos humanos

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Da Reuters

Pressionado por entidades de direitos humanos, Comitê Olímpico Internacional passa a dar ao tema papel central na escolha das próximas sedes

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou mudanças nas exigências para a escolha das cidades que sediarão as próximas edições dos Jogos Olímpicos. A partir de agora, a proteção aos direitos humanos terá um papel central na extensa lista de compromissos que as candidatas devem assumir.

A medida foi elogiada por entidades que atuam na proteção dos direitos humanos, especialmente após verificarem uma série de violações nas últimas edições dos jogos.

“Muitas vezes, os anfitriões olímpicos abusam dos trabalhadores na construção dos estádios, por exemplo. E o que víamos eram só alguns meios de comunicação tentando denunciar esses abusos, mas sem o respaldo do COI”, afirma Minky Worden, diretora de iniciativas globais da Human Rights Watch.

A revisão do contrato que o COI apresenta às cidades candidatas só foi possível graças a uma reunião com diversos grupos de direitos humanos internacionais, que pressionaram para que houvesse uma referência específica ao assunto. “O direito de sediar os Jogos Olímpicos precisa vir com a responsabilidade de não abusar dos direitos humanos”, completa Worden.

Futuras sedes
Para a Olimpíada de 2024, Paris e Los Angeles são as únicas candidatas restantes na corrida que terá a vencedora anunciada em setembro. Já para os jogos de 2028, uma cidade russa e Doha, no Qatar, são vistas como potenciais candidatas. Ambos os países foram, recentemente, acusados ​​de violações de direitos humanos durante os preparativos para eventos esportivos – os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, e a Copa do Mundo de 2022, respectivamente.

“A organização dos Jogos Olímpicos deve sempre promover e valorizar os valores fundamentais do Olimpismo”, disse o presidente do COI, Thomas Bach, em um comunicado. “Este último passo é outro reflexo do compromisso do COI de incorporar esses valores em todos os aspectos dos Jogos Olímpicos”.

Machismo em Tóquio

Para Minky Worden, diretora de iniciativas globais da Human Rights Watch, “o direito de sediar os Jogos Olímpicos precisa vir com a responsabilidade de não abusar dos direitos humanos”.

O Comitê Olímpico Internacional cogita trocar a sede de golfe da Olimpíada de Tóquio, em 2020, por conta da proibição da presença de mulheres no Kasumigaseki Country Club. Em conjunto com o comitê organizador local, o COI já adiantou que “se não houver mulheres, não haverá torneio”. Caso contrário, o clube privado terá de abrir mão de sediar o torneio de golfe olímpico.

“Nossos princípios se baseiam na não discriminação, que é a posição que sempre mostramos muito claramente”, disse o vice-presidente do COI, Joahn Coates, durante sua visita a Tóquio para analisar alguns dos locais que abrigarão competições olímpicas.

Coates já deixou claro que o Kasumigaseki Country Club tem até junho para modificar suas regras e permitir a entrada de mulheres nos campos. Se não houver nenhuma iniciativa nesse sentido, o COI irá procurar outras instalações para sediar o torneio olímpico de golfe.

“Houve avanços, como nas conversas recentes com o clube nesta semana, o que sugere que vamos na direção correta”, declarou Coates, confiante que o COI conseguirá solucionar o problema.

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