O Instituto Vladimir Herzog vem a público para repudiar de forma veemente a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que censurou a reportagem do UOL sobre o enriquecimento e a compra de imóveis em dinheiro vivo de Jair Bolsonaro e seus familiares.
Segundo a reportagem, assinada pelos jornalistas Juliana Dal Piva e Thiago Herdy, desde os anos 1990 o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais ao menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com o uso de dinheiro vivo. O valor total gasto desta forma foi de R$ 13,5 milhões.
Importante salientar que a decisão do TJDFT atende a um pedido do senador e filho do presidente Flávio Bolsonaro. Desta forma, é impossível não entendê-la, ainda, como um inaceitável ataque à integridade do processo eleitoral, uma vez que acontece a menos de dez dias do primeiro turno e claramente restringe o acesso da população a notícias diretamente ligadas a um dos candidatos ao cargo mais alto em disputa no próximo dia 2 de outubro.
Ao lançar mão de uma ferramenta típica dos regimes autoritários – a censura – para impedir que a sociedade tenha acesso a uma reportagem de incontestável interesse público, nos remete a tempos demasiadamente sombrios: os da ditadura militar, que censurou, perseguiu, torturou e assassinou jornalistas, entre eles Vladimir Herzog, gerando desinformação, medo e terror para toda a população brasileira.
Exigimos que outras instâncias do sistema judiciário brasileiro revisem a decisão do TJDFT. Prestamos solidariedade à toda equipe de jornalistas do UOL, em especial aos que assinam a reportagem, e nos colocamos à inteira disposição para denunciar o abuso cometido e cobrar a Justiça para que a censura imposta seja imediatamente revogada.
