Heroínas desta História

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O livro “Heroínas desta História – Mulheres em busca de justiça por familiares mortos pela ditadura” foi lançado em março de 2020 pelo Instituto Vladimir Herzog em parceria com a Autêntica Editora. A obra está à venda em livrarias de todo o país e lojas online (com disponibilidade para entrega em casa) – e também na versão e-book. Listamos algumas opções para compra: Martins FontesSaraivaLivraria da Travessa e Amazon.

Para ampliar o acesso ao livro, liberamos gratuitamente a leitura do capítulo sobre a história da liderança indígena Carolina Rewaptu. Também está disponível para download o prefácio assinado por Maria Rita Kehl e a introdução preparada pelas organizadoras do livro, Carla Borges e Tatiana Merlino. A ação faz parte da campanha Ler Faz Bem da Autêntica Editora.

Sobre o projeto

A intenção é dar visibilidade às trajetórias de mulheres que perderam seus familiares em decorrência de intervenção do Estado durante a ditadura militar e também no presente, sobretudo em decorrência de intervenção policial. Para tanto, propõe-se a organizar uma publicação que retrate essas histórias, entremeando os perfis com artigos que estimulem a reflexão sobre a questão de gênero e a violência de Estado da ditadura militar.

A ideia é que os capítulos, embora documentais, sejam dotados de um tom literário e acessível a pessoas não necessariamente iniciadas no tema. A intenção é nos afastarmos de uma estrutura enciclopédica e historiográfica, aproximando-nos de uma perspectiva sensível e sutil para retratar a luta dessas mulheres.

A primeira edição versará sobre familiares de vítimas do regime militar. O Instituto Vladimir Herzog tem a intenção de que a publicação se transforme em um projeto permanente, com edições bianuais, a fim de dar conta da ampla diversidade de potenciais perfis. Afinal, são muitas as “Marias e Clarices”, justamente a exemplo de Clarice Herzog, fundadora do IVH, cujas histórias merecem ser conhecidas e disseminadas.

O primeiro volume apresenta 15 perfis, entre de mais de setenta histórias mapeadas em um levantamento inicial: Ana DiasAngela Mendes de AlmeidaCarolina RewaptuClara CharfClarice HerzogCrimeia Schmidt de AlmeidaDamaris LucenaDiana Piló de OliveiraEgle Vannucchi LemeElizabeth TeixeiraElzita Santa CruzEunice PaivaIlda Martins da SilvaMaria José Araújo e Marli Pereira. Os capítulos tocam em diferentes aspectos da ditadura militar brasileira e abrangem as diversas regiões do país, retratando um mosaico de resistências cotidianas.

Ouça a entrevista de Carla Borges e Tatiana Merlino, coordenadoras do Heroínas desta História no Espaço Vladimir Herzog de Direitos Humanos na Rádio Brasil Atual:

Direito à Memória, à Verdade e à Justiça

Durante a ditadura militar brasileira, as mulheres atuaram em diversas frentes na resistência ao regime e na luta por democracia. É notável seu protagonismo na mobilização pela anistia política e também nos diferentes movimentos que se organizaram para fazer face aos desmandos do período. Nesses percursos, sofreram toda sorte de violações, invariavelmente associadas e agravadas pelo fato de serem mulheres.

No entanto, embora recentes iniciativas tenham procurado lançar luz sobre a questão de gênero e a resistência à ditadura militar, pouco ou quase nada se fala sobre as mães, esposas, filhas, irmãs e amigas daqueles e daquelas que morreram nas mãos dos agentes da repressão, nem de sua batalha para manter viva a sua memória e exigir do Estado as respostas devidas até hoje. Trata-se de histórias que permanecem em grande parte invisíveis. Desaparecidas, assim como as vidas das pessoas que se opuseram àquelas arbitrariedades. O mesmo se pode dizer sobre as familiares de pessoas desaparecidas na atualidade ou dos mais de 4 mil jovens mortos anualmente em decorrência de ação policial.

“Onde estão os nossos desaparecidos e desaparecidas?”; “O que aconteceu com essas pessoas?”; “Quando teremos justiça?”. São questões que permanecem sem respostas, ecoando como uma ferida aberta. Cobrar do Estado sua responsabilidade em respondê-las e em realizar ações de reparação, de busca da verdade, de garantia da justiça e de revisão das permanências autoritárias dentro das instituições se tornou, para muitas, a principal razão de vida.

Graças à incansável determinação dessas mulheres – apesar das frustrações que se acumulam diariamente, mesmo em tempos de democracia – foi possível recuperar algumas peças desse quebra-cabeças que tanto custa a fechar. Sua atuação tem contribuído para o ainda incompleto processo de transição para a democracia e criou importantes referências na luta por justiça para os crimes cometidos.

Essas trajetórias fazem parte da nossa história. São posturas inspiradoras e servem como um incentivo para que todos nós, sobretudo as mulheres de todas as idades e das mais diversas origens, se sintam encorajadas a seguir em suas batalhas diárias por igualdade e por direitos. Contribuem também para compreender, a partir de vivências e relatos, a importância do protagonismo feminino na construção da nação e no fortalecimento da democracia.

Conhecê-las é fundamental para preencher os espaços em branco gerados pela violência de Estado e para não deixar que essas violações voltem a acontecer. E também, por fim, para reparar, minimamente, o lapso histórico e reiterado de deixar de dedicar-lhes o devido reconhecimento por defenderem o direito de todos nós à memória, à verdade e à justiça.

Rodas de Conversa

Heroínas desta História propõe, além da publicação impressa, uma série de rodas de conversa que possam democratizar junto ao público algumas das principais descobertas e informações levantadas durante a pesquisa. Em 2018, foram dois encontros organizados pela coordenação do projeto. No dia 04 de dezembro, na Caixa Cultural São Paulo, a convidada foi a jornalista Jéssica Moreira, cofundadora do Nós, mulheres da periferia, repórter na Agência Mural de Jornalismo das Periferias e uma das autoras do primeiro livro do projeto. O tema discutido com alunos da rede pública foi “Vivências femininas sobre a violência de Estado no passado e no presente”.

Já no dia 15 de dezembro, o Instituto Vladimir Herzog realizou outra roda de conversa, desta vez com a histórica militante política Criméia Schmidt de Almeida, que há anos trabalha na Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Realizado na Unibes Cultural, o evento promoveu um diálogo sobre as mulheres que tiveram familiares mortos pelas mãos dos agentes da ditadura militar e fizeram de suas vidas uma permanente luta por Memória, Verdade e Justiça.

Em maio de 2019, as autoras da publicação participaram de evento na livraria Tapera Taperá em que relataram os desafios e as riquezas em contar a história destas mulheres:

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Rodas de Conversa
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Rodas de Conversa

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