Parceria entre Instituto Vladimir Herzog e Autêntica Editora, publicação reconhece o protagonismo de mulheres que lutaram por justiça ao denunciar os crimes de Estado cometidos no período da ditadura militar
No dia 17 de março, às 19h, na Unibes Cultural em São Paulo, Instituto Vladimir Herzog e Autêntica Editora lançam o livro “Heroínas desta História – Mulheres em busca de justiça por familiares mortos pela ditadura“, que apresenta histórias de vida e de luta de 15 mulheres impactadas pela violência de Estado durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). São retratadas camponesas, operárias, indígenas, mulheres de classe média e da periferia, do Sudeste ao Nordeste brasileiro.
Clarice Herzog, Elizabeth Teixeira, Eunice Paiva, Clara Charf, a cacica xavante Carolina Rewaptu e Elzita Santa Cruz, que faleceu aos 105 anos, ainda durante o processo de produção do livro, estão entre as homenageadas. Organizada por Carla Borges e Tatiana Merlino, a obra foi inteiramente realizada por equipe feminina, entre jornalistas, sociólogas, fotógrafas, revisoras de diferentes gerações. Como autoras dos textos, estão nomes como Miriam Leitão, Marina Amaral, Silvia Bessa, Laura Capriglione e Fabiana Moraes. O volume tem prefácio assinado pela psicanalista Maria Rita Kehl.
As 15 histórias evidenciam faces menos conhecidas da repressão e mostram que os braços armados do Estado atingiram, de diferentes formas, inúmeras famílias e grupos sociais em várias regiões do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Mato Grosso). À frente de todas elas, há sempre uma mulher que não se calou. Com base em uma extensa pesquisa, as organizadoras localizaram cerca de 70 mulheres que poderiam ser retratadas na obra, chegando-se aos 15 perfis finais a partir de critérios como idade, regionalidade e representatividade.
Heroínas desta História – Mulheres em busca de justiça por familiares mortos pela ditadura é a primeira obra que as reconhece como protagonistas – seja lutando por memória sobre aqueles tempos sombrios, seja exigindo por décadas que o Estado se responsabilize pelos crimes que cometeu -, o que torna este livro inédito e urgente. São heroínas, mas não em sentido romântico ou idealizado. Ao contrário, mostra-se o heroísmo cotidiano, do quarto arrumado à espera do filho, da força de se reerguer e encarar outros desafios – fazer graduação, entrar na militância, mover ações contra os algozes – e, sobretudo, seguir caminhando de cabeça altiva.
SERVIÇO
Lançamento do livro Heroínas desta História – Mulheres em busca de justiça por familiares mortos pela ditadura
Data: 17 de março de 2020 – 19h às 22h
Local: Unibes Cultural – R. Oscar Freire, 2500, Sumaré – São Paulo/SP