07/02/2020

Pela 1ª vez em 25 anos, governador de São Paulo ignora o mais votado e escolhe o 3º em lista tríplice para Ouvidoria das Polícias de São Paulo

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Benedito Mariano foi o mais votado na lista tríplice do Condepe. Ainda assim, o escolhido pelo governador de São Paulo para comandar a Ouvidoria foi Elizeu Soares Lopes.

O governador de São Paulo, João Dória, decidiu mudar o ouvidor das polícias do estado. E, pela primeira vez em 25 anos, quebrou o rito de escolher o mais votado da lista tríplice apresentada pelo Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).

Dória escolheu o advogado Elizeu Soares Lopes – último colocado na lista tríplice – para assumir o lugar do sociólogo Benedito Mariano – primeiro colocado na votação do Condepe.

O Instituto Vladimir Herzog espera que o novo ouvidor possa dar continuidade ao trabalho de Mariano à frente da instituição, mas lamenta profundamente que, pela primeira vez em 25 anos, o escolhido pelo governador do estado não tenha sido o primeiro da lista tríplice.

Causa estranheza o fato de que Mariano foi substituído logo após a divulgação de um relatório feito pela Ouvidoria que aponta aumento de 98% nas mortes causadas por policiais da Rota, a força mais violenta da Polícia Militar (PM) paulista.

Ainda segundo este documento, a letalidade da Polícia Militar subiu 11,5% entre 2018 e 2019. Nesse mesmo período a PM foi responsável por 95% das mortes de civis.

Saudamos o agora ex-ouvidor Benedito Mariano, que teve seu período à frente da Ouvidoria marcado pelo diálogo permanente com a sociedade civil, com os membros da corporação e, acima de tudo, por uma atuação combativa e crítica frente à violência policial.

Além disso, Benedito Mariano foi capaz de garantir autonomia e independência para a Ouvidoria – características indispensáveis para a boa gestão de um órgão tão complexo e relevante como este.

Entendemos que é missão do novo ouvidor dar sequência às iniciativas que buscam promover mudanças nos protocolos de atuação e alertar sobre o aumento dos casos de morte de civis em ações da PM.

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