Gabriel Tito, aluno de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, entrevistou Audálio Dantas e escreveu a reportagem que conta parte da trajetória de um dos mais importantes jornalistas do país.
A “Semana de Jornalismo” da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) já é tradicional. Durante uma semana, alunos do curso dos dois campi da universidade se reúnem para discutir pontos relevantes e contemporâneos ligados ao exercício da profissão. Além disso, todo ano um jornalista de renome nacional é escolhido para receber uma homenagem. Em 2017, o escolhido foi Audálio Dantas.
Foi ali que Gabriel Tito, aluno do campus São Miguel da Universidade Cruzeiro Sul conheceu Audálio: “comecei a pesquisar sobre sua história, fui vendo conteúdos biográficos, entrevistas, livros e fiquei fascinado por sua pessoa”, conta Gabriel.
Aquele encontro, em julho de 2017, transformou a vida de Gabriel. A ponto de, tempos depois, motivar o aluno a fazer uma reportagem especial sobre a vida de Audálio Dantas.
Entrevistamos Gabriel Tito, hoje com 20 anos e no 7º semestre do curso de Jornalismo na Universidade Cruzeiro. Confira!
Reproduzimos também a matéria feita por Gabriel, intitulada “Lágrimas para o medo”. Veja aqui.
Instituto Vladimir Herzog: Quando e como vc tomou conhecimento da importância de Audálio Dantas para a história do Brasil?
Bem, na minha Universidade a coordenadora do curso de Jornalismo tem costuma de fazer a “ Semana de Jornalismo”. Nessa semana ela sempre traz uma pessoa para ser o homenageado da semana. Em 2017 foi Audalio Dantas. Comecei a pesquisar sobre sua história, fui vendo conteúdos biográficos, entrevistas, livros e fiquei fascinado por sua pessoa.
IVH: Como foi fazer essa entrevista e escrever essa reportagem sobre ele?
A entrevista eu me arrepio até hoje quando falo dela, pois foi muito marcante. Audalio me recebeu numa simplicidade e um carisma tão grande. Eu estava nervoso, a mão que eu segurava o gravador estava totalmente tremula. E ele pedia para eu relaxar e dava risada comigo para me acalmar. Após a entrevista, passei semanas ouvindo e ouvindo o que conversamos. E já no final de 2017 eu já estava com pensamento em escrever algo sobre ele. Porém, só fui mesmo iniciar a reportagem em Outubro/Novembro de 2018, eu precisava de orientações e o meu professor na época, Franthiesco Ballerini, foi quem me incentivou e ajudou. Escrever sobre ele e pesquisar sobre as coisas que aconteceram naqueles dias da Ditadura foi algo aflito, mas que me ensinou muitas coisas. Audálio, sempre deverá ser lembrado, seu protagonismo no jornalismo e na história da nossa democracia é muito grande.
IVH: Como você encarou a notícia da morte dele?
Foi um choque. Pois, foi quase um ano depois de meu encontro com ele. Em Maio de 2018 eu já havia a vontade de escrever, mas fiquei um pouco frustrado, pois mesmo que eu escrevesse, eu sabia que ele não estaria mais aqui para ler. Contudo, fui refletindo e vendo a situação do país naquele ano, eu retomei a ideia, compartilhei com o meu professor e dei início.
IVH: O que a trajetória pessoal, profissional e de resistência de Audálio Dantas nos ensina em tempos tão complexos para a democracia?
Que devemos nos manter sempre dispostos a buscar a verdade e não termos medo de enfrentar os obstáculos que virão. Sua história de vida é um legado na qual devemos sempre relembrar para resgatar essa essência de luta e determinação. Nos dias após o seu falecimento eu ouvi nossa entrevista novamente e logo em seguida li a reportagem sobre o aumento do interesse da população em querer uma volta da ditadura, os protestos a favor e toda aquela movimentação do pais. Ai eu pensei: “Não! Preciso fazer isso. É necessário!” E essa motivação só foi proporcionada pela inspiração que Audalio me proporcionou em sua trajetória de vida.