Ao final do evento, grupo da sociedade civil cria Fórum de Segurança
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo (OAB SP), a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo, o Instituto Vladimir Herzog e especialistas no tema realizaram nesta quarta-feira (15), na sede da OAB SP, uma audiência pública para discutir a violência policial. É a primeira vez que as entidades se reúnem para buscar soluções a fim de reduzir o número de ocorrências dessa natureza, considerado alarmante no Brasil. Apesar de convidado, o secretário da Segurança Pública do governo paulista não compareceu ao evento.
De acordo com o coordenador de Direitos Humanos da OAB SP, Martim de Almeida Sampaio, que presidiu a mesa de debates, nada menos que uma em cada quatro pessoas assassinadas em São Paulo é vítima de confrontos com a Polícia Militar. Segundo levantamento da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos (SP), a cada quatro dessas vítimas, três são jovens negros das periferias. Para Ivo Herzog, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, que também participou do evento, é hora de agir contra aqueles que promovem uma cultura de violência. “Existe um processo de incitação à violência policial, promovido por alguns programas de rádio e televisão. Essa cultura tem legitimado as ações da nossa polícia”, afirmou.
Herzog ressaltou ainda que a sociedade vem se organizando de forma mais engajada e abraçando causas, “mas temos que ir além dos manifestos e partir para ações específicas, pontuais e jurídicas”, destacou. “Precisamos que a sociedade tenha uma ação firme e objetiva de repúdio e indignação contra os promotores e construtores dessa cultura de violência”, completou o diretor do Instituto Vladimir Herzog.
Os trabalhos foram abertos por Fábio Romeu Canton Filho, vice-presidente da OAB SP. A mesa de debates, presidida por Martim de Almeida Sampaio, contou ainda com a participação do Ivo Herzog; do vice-presidente do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sergio Lima; Paulo José de Paula, promotor de Justiça; da coordenadora do NADIR-Núcleo de Antropologia do Direito, chefe do Departamento de Antropologia e membro do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer; da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, Antonio Funari Filho; e do ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves.