Pela primeira vez, um brasileiro ingressa na Academia de Belas Artes da França.
Por Isabella Menon, da Folha de S. Paulo
O fotógrafo Sebastião Salgado tomará posse em Paris, nesta quarta-feira, na Academia de Belas Artes da França, ocupando a cadeira do também fotógrafo Lucien Clergue (1934-2014). É a primeira vez que um brasileiro ingressa na instituição.
Criado há dez anos, o setor fotográfico da academia é um dos menos numerosos entre as 52 cadeiras da instituição. Além do brasileiro, outros três profissionais o compõem: os franceses Jean Gaumy e Yann Arthus-Bertrand e o marroquino Bruno Barbey.
“Lutamos por mais dois fotógrafos para sermos um grupo de seis, o que nos tornaria mais representativos”, diz Salgado.
Conhecido pelas imagens em preto e branco que refletem, em sua maioria, problemas sociais, Salgado vive em Paris desde os anos 1960, mas vem ao Brasil com frequência.
Nos últimos quatro anos, ele se dedica ao trabalho com tribos indígenas na Amazônia, sobre o qual pretende continuar por mais dois anos.
Os cliques mais recentes dele foram feitos entre os korubos, conhecidos como “índios caceteiros”. “Eles usam cassetetes, em vez de arco e flecha”, explica o fotógrafo.
O primeiro contato feito com os indígenas do oeste da Amazônia é relativamente recente – data de 1992. Sebastião Salgado diz, no entanto, que não gostaria de ser o responsável pelo primeiro contato de nenhuma tribo.
Aos 73 anos, ele é considerado um dos mais importantes fotógrafos do mundo. Porém, ele não vê um futuro tão longo para a sua profissão.
“Hoje não se faz fotografia, se faz imagem”, diz. Fotografia, para ele, é algo que se guarda e se pode trocar. Já a imagem, afirma ele, é uma forma de comunicação.