13/01/2017

Retrospectiva 2016 no IVH – Um ano de muita luta

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O ano de 2016 trouxe muitos desafios para o setor de Direitos Humanos, mas também tivemos conquistas importantes. Em uma grande vitória para a cultura de Educação em Direitos Humanos, o Instituto Vladimir Herzog assinou em Setembro um convênio para que o projeto Respeitar é Preciso! seja implementado em todas as 1500 escolas da rede municipal de São Paulo. O primeiro ciclo de formação do projeto, realizado com membros das Comissões de Mediação de Conflitos das escolas em quatro pólos da cidade, foi concluído com sucesso em Dezembro, e agora o projeto segue para novas fases em 2017.  

Em um dos momentos mais significativos do ano, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) deu um passo emblemático na busca pela verdade e justiça para os familiares de presos e torturados pela ditadura brasileira: em 22 de Abril, a entidade enviou o Caso Vladimir Herzog à Corte Interamericana de Direitos Humanos, para que o Estado brasileiro seja julgado pela ausência de investigação e punição dos responsáveis pela tortura e execução, além de ter apresentado para a família e para a sociedade o assassinato do jornalista como suposto suicídio.

No primeiro semestre do ano passado, um projeto cultural ganhou destaque na área: a exposição “Antonio Benetazzo – Permanências do Sensível”, que reuniu cerca de 90 obras do artista plástico assassinado pelo regime militar em 1972, esteve em cartaz no Centro Cultural São Paulo de Abril a Junho. A mostra também ficou exposta no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, entre Outubro e Novembro. A ação foi desenvolvida desde 2014 pela Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, com apoio do IVH.

O Instituto também esteve ao lado de diversas entidades de Direitos Humanos ao longo do ano em mobilizações relevantes ao tema. Em Junho, junto com a Ordem dos Advogados do Brasil-Seção São Paulo (OAB SP), a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e especialistas no tema, o IVH realizou uma audiência pública para discutir a violência policial no país. Em Outubro, foi uma das organizações que ingressaram com reclamação disciplinar contra o desembargador Ivan Sartori, do Tribunal de Justiça de São Paulo. O objetivo da ação foi pedir que o Conselho Nacional de Justiça investigue a conduta do juiz em sua atuação no julgamento do “Massacre do Carandiru”, em que Sartori votou pela absolvição de 74 policiais envolvidos no crime.

O projeto “Os Anos de Chumbo no Brasil e o seu Legado Educacional”, minicurso voltado à formação de educadores, organizado pela diretora de ensino Sueli Funari com apoio do Instituto Vladimir Herzog e do Memorial da Anistia, foi premiado com o 1º lugar na categoria Educador do edital de Educação em Direito à Memória e à Verdade nas Escolas. O prêmio da Secretaria Municipal d e Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo (SMDHC) foi entregue em Setembro a iniciativas realizadas na Rede Municipal de Ensino que promoveram o debate e a reflexão sobre o período da ditadura no Brasil e suas implicações nos dias atuais.

Em Outubro, duas excelentes notícias para a preservação da memória sobre Vlado. O livro “Um menino chamado Vlado”, publicação da Editora Instituto Vladimir Herzog, escrito pela historiadora Marcia Camargos, foi anunciado como um dos finalistas do 58º Prêmio Jabuti, na categoria Juvenil. A obra é uma biografia de Vladimir Herzog especialmente voltada para o público infantojuvenil. Dias depois, em 25 de Outubro, a Câmara Municipal de São Paulo inaugurou a estátua Vlado Vitorioso, que dá continuidade ao projeto original de reforma da Praça Memorial Vladimir Herzog. A obra é uma versão ampliada do conceito criado pelo artista Elifas Andreato em 2008, dedicada aos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, prêmio especial da ONU aos jornalistas.  

O dia 25 de Outubro, data do assassinato de Vlado em 1975, foi marcado ainda por vários eventos do IVH. No período da manhã, as equipes premiadas no 8º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão realizaram uma audição pública de seus trabalhos na Câmara Municipal de São Paulo. Foi a primeira vez que essa atividade esteve incluída na programação de premiação dos jovens. As reportagens produzidas tratavam do tema proposto, “A epidemia do vírus zika no Brasil e as consequências diretas e indiretas no cotidiano da população, especialmente das mulheres”.

No mesmo dia também foram realizadas a cerimônia de entrega do 38º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos e a 5ª Roda de Conversa com os premiados. Os vencedores do 38º PVH receberam seus troféus de um dos mais tradicionais e respeitados prêmios de jornalismo do país no Tucarena, em São Paulo. Além disso, foram feitas três homenagens especiais emocionantes: à fotógrafa Elvira Alegre e aos jornalistas Elio Gaspari e, “in memoriam”, Claudio Abramo. Os dois eventos, abertos ao público, foram também transmitidos ao vivo na íntegra pela TV PUC, Canal Universitário de São Paulo e um pool de emissoras públicas.

Premiados do 38º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos

Já em Dezembro, o Instituto Vladimir Herzog, com patrocínio da Caixa Econômica Federal, lançou a nova versão do portal Memórias da Ditadura, que agora inclui as principais discussões e recomendações da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Em evento realizado no auditório da Caixa Cultural, em São Paulo, foi apresentada a nova seção do site, batizada de CNViva, uma atualização importante no portal desenvolvido para que as gerações mais jovens conheçam o período da ditadura.

O último mês de 2016 também trouxe uma notícia profundamente entristecedora, com o falecimento do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo, aos 95 anos de idade. O Instituto Vladimir Herzog prestou suas homenagens ao Cardeal Coragem, um dos mais importantes brasileiros do século XX, em entrevistas e em todos os seus canais de comunicação.

 

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