O Instituto Vladimir Herzog (IVH) manifesta o seu mais profundo repúdio às agressões que Juca Kfouri, jornalista e conselheiro do IVH, vem sofrendo por meio de redes sociais após fazer críticas ao governo Bolsonaro em seu blog.
O agressor já foi identificado. Trata-se de José Emílio Joly Júnior, que mora em Curitiba e diz ter sido membro do Pelotão de Operações Especiais do Exército Brasileiro durante a ditadura militar que assombrou o país entre 1964 e 1985. Em uma das mensagens, inclusive, José Emílio faz menção, em tom ameaçador, a uma operação de militares que utilizavam helicópteros para jogar pessoas ao mar durante os anos de chumbo.
Além de configurar um crime gravíssimo, que deve ser prontamente apurado e punido pelas autoridades responsáveis, a agressão sofrida por Juca Kfouri escancara a dramática situação de descaso com que os crimes cometidos durante a ditadura ainda são tratados pela sociedade e pela Justiça brasileiras.
A grande maioria das violações de direitos humanos cometidas pelos militares ainda não foram sequer apuradas. E aquelas sob as quais já se têm mais informações não tiveram seus responsáveis julgados e punidos.
A impunidade cristalizada nesse lamentável cenário deixa um legado no imaginário coletivo que se traduz na permissividade a atos de covardia e violência, como este praticado contra o jornalista Juca Kfouri.
A tarefa incompleta de se democratizar o país é indissociável da necessidade de investigar os crimes praticados durante a ditadura, e também punir agressores covardes, como José Emílio Joly Júnior, que ainda se sentem à vontade para cometer crimes que colocam a liberdade de expressão e a própria democracia sob um iminente risco.
Prestamos toda nossa solidariedade ao companheiro Juca Kfouri e reafirmamos nossa luta pelos valores que sempre caracterizaram a atuação deste Instituto e a própria vida de Vladimir Herzog: a defesa irrestrita da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão.
Instituto Vladimir Herzog