Parafraseando uma antiga canção dos soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial, grandes seres humanos e notáveis intelectuais não morrem, apenas esvaecem. Como Antonio Candido de Mello e Souza.
Sociólogo, crítico literário, autor de importantes livros, emérito professor, colega e formador de mais de uma geração de importantes pensadores brasileiros, o ícone das letras e das artes foi também um engajado militante das questões políticas e sociais.
Como tal, não lhe escapou a importância da relação entre literatura, cultura e direitos humanos: “A luta pelos direitos humanos – afirmou, em O Direito à Literatura – abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis da cultura. A distinção entre cultura popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito aos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável”.
Por sua conduta pessoal e intelectual, por seu brilho e por seus valores, Antonio Candido foi, é e continuará a ser um guia luminoso para todos os que prezam a democracia, a liberdade de expressão e os direitos humanos, entre eles o Instituto Vladimir Herzog e todos os que o integramos.