O lançamento do portal http://www.marcosfaerman.jor.br/, com a obra do jornalista Marcos Faerman, com apoio do programa Rumos, do Itaú Cultural, acontecerá no dia 17 de Agosto de 2016, a partir das 19:00h, no teatro Gazeta (av. Paulista, 900), durante a Semana de Jornalismo da Faculdade Cásper Libero.
Haverá uma mesa de debate sobre a obra do homenageado, com a presença dos jornalistas Audálio Dantas, Bianca Santana, Neusa Maria Pereira, Caco Barcellos, Claudiney Ferreira, Sérgio Gomes, a professora universitária Terezinha Tagé, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a psicóloga e pesquisadora Rachel Moreno e o cientista político Álvaro Bianchi.
Os participantes da mesa apresentarão ao público Marcos Faerman e seu trabalho e trarão propostas de possibilidades de leituras e interpretações dos rumos da imprensa hoje, à luz do jornalismo por ele produzido.
Os convidados da mesa:
Audálio Dantas – Trabalhou em importantes veículos de imprensa no país e, como presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, foi um dos condutores dos protestos pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog pela ditadura militar. Foi o jornalista que descobriu a escritora Carolina Maria de Jesus e primeiro publicou seus textos.
Álvaro Bianchi – Cientista político brasileiro e estudioso do pensamento político italiano e norte-americano. Formado pela Unicamp, é professor livre-docente do Departamento de Ciência Política e Diretor do Arquivo Edgard Leuenroth Centro de Pesquisa e documentação Social da mesma instituição.
Bianca Santana – Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Educação pela Universidade de São Paulo. Professora de Novas Tecnologias no curso de Jornalismo da Cásper Líbero e na pós-graduação em Jornalismo Multimídia na FAAP. Blogueira, escritora e integrante do coletivo feminista Casa de Lua.
Caco Barcellos – Jornalista, repórter de televisão e escritor brasileiro famoso por escrever grandes reportagens investigativas sobre violência e injustiça social. Tem três livros publicados e ganhou mais de 20 prêmios durante seu percurso profissional, entre eles dois Vladimir Herzog e dois Jabuti. Em 2008 recebeu o Prêmio Especial das Nações Unidas, como um dos cinco jornalistas que mais se destacaram, nos últimos 30 anos, na defesa dos direitos humanos no Brasil.
Claudiney Ferreira – Jornalista, radialista, produtor e gestor cultural, com passagens por revistas do Grupo Abril, Fundação Roberto Marinho, TV Cultura, BBC de Londres e CBN. Atualmente é gerente doNúcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, responsável pelo Rumos Jornalismo Cultural, Rumos Cinema e Vídeo e Rumos Literatura, entre outros programas da instituição.
Neusa Maria Pereira – Formada na Faculdade Cásper Líbero, é jornalista, educadora social e proprietária da editora Abayomi Comunicação Ltda. Trabalhou com Marcos Faerman no jornal alternativo Versus, onde escreveu, entre outros, o texto inaugural da seção Afro-Latino-América, sob o título “Em defesa da dignidade das mulheres negras em uma sociedade racista” (1977). Foi uma das fundadoras do MNU/SP (Movimento Negro Unificado), em 1978.
Rachel Moreno – Milita pelas demandas e causas das mulheres e pela democratização da mídia. É psicóloga, pesquisadora, especialista em sexualidade humana e em meio ambiente. Foi uma das fundadoras do jornal alternativo feminista Nós Mulheres, em 1976.
Sérgio Gomes - Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP), fundou a Oboré editorial em 1978. Lecionou na USP as disciplinas Jornalismo Sindical, Comunitário e Popular de 1986 a 1992 e atuou na imprensa sindical. Atualmente integra o Conselho Deliberativo do Instituto Vladimir Herzog e coordena o Projeto Repórter do Futuro, concebido por ele na Oboré.
Terezinha Tagé – Professora sênior, pesquisadora e orientadora no Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Livre docente em Ciências da Comunicação (Editoração, Cultura e Linguagem) e doutora em Ciências da Comunicação (Jornalismo e Editoração) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
O portal
Marcos Faerman (Rio Pardo, 5 de abril de 1943 – São Paulo, 12 de fevereiro de 1999) foi jornalista, editor, administrador cultural e professor. Viveu grande parte de sua trajetória profissional durante a ditadura militar (1964-1985) e participou, como criador, editor e repórter, de publicações da imprensa alternativa, um importante espaço de resistência ao regime autoritário. Escreveu mais de 800 reportagens para o Jornal da Tarde, durante 24 anos. Tornou-se conhecido pela prática do jornalismo literário, gênero que faz uso de técnicas narrativas da ficção no relato de histórias reais.
O projeto de resgate da obra de Marcos Faerman, realizado com o apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2014, consiste na disponibilização de seus trabalhos em um website de pesquisa de livre acesso. O portal está no ar desde o dia 5 de abril de 2016, data do nascimento de Marcos Faerman, no link http://marcosfaerman.jor.br e será lançado oficialmente no dia 17 de agosto de 2016, a partir das 19:00, na Semana de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, onde o jornalista lecionou de 1996 a 1999. Nesse dia haverá uma mesa com os jornalistas Audálio Dantas, Bianca Santana, Neusa Maria Pereira, Caco Barcellos, Claudiney Ferreira, Sérgio Gomes, a professora universitária Terezinha Tagé, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a psicóloga e pesquisadora Rachel Moreno e o cientista político Álvaro Bianchi sobre o legado da obra de Marcos Faerman para as novas gerações.
O portal http://www.marcosfaerman.jor.br/ contém os facsímiles de 12 edições do Caderno de Cultura do jornal Zero Hora, editado por ele e por Luis Fernando Veríssimo em 1967; cerca de 800 reportagens escritas para o Jornal da Tarde, entre 1968 e 1992; publicações da imprensa alternativa que criou, editou e em que escreveu, como o jornal Versus e a revista Singular & Plural, livros e programas de televisão e rádio de que participou. No portal também estarão disponíveis textos críticos e trabalhos acadêmicos sobre a obra de Marcos Faerman, assim como crônicas inéditas – escritas por colegas e amigos com quem conviveu, dentre eles os jornalistas Vital Battaglia e Miguel Jorge e o poeta Claudio Willer – que oferecem uma contextualização histórica do seu trabalho. Entrevistas em vídeo com outros jornalistas, como Fernando Mitre, Laerte Fernandes e Percival de Souza, oferecem um panorama do período histórico, social e político em que ele viveu e trabalhou.
Sobre Marcos Faerman
“No Brasil, quando se fala em Novo Jornalismo, o nome de Marcos Faerman é uma referência essencial. Seu trabalho situa-se na fronteira quase imperceptível entre o jornalismo e a literatura. O tratamento literário dado ao seu texto não subtrai sequer uma vírgula que seja necessária à informação jornalística.”
Audálio Dantas, jornalista
“Marcos Faerman deixa ao jornalismo e a todos os brasileiros uma herança de grandeza. Um excepcional repórter, usando da parcimônia tão contrastante com a generosidade, ele está entre meia dúzia de geniais criadores de um jornalismo original brasileiro, e é nestes termos que Marcos Faerman deve ser lembrado. A história do jornalismo brasileiro precisa ser contada antes e depois de Marcos Faerman.”
Wagner Carelli, jornalista
“Todo grande repórter (ou todo repórter verdadeiro) é no fundo um cientista, um pesquisador e como tal é necessariamente inquieto, não se conforma com repetir-se. A característica fundamental do Marcão é exatamente esta: estar acima da rotina preguiçosa do dia-a-dia. Ele sabia que o jornalismo verdadeiro não se isola nem é alheio ao mundo, mas que chora ou se alegra com as coisas do mundo.”
Flavio Tavares, jornalista
“Marcão era ao mesmo tempo épico e lírico, transcendia a mera narração de fatos, elevando-se a um plano de densidade dramática, de estética elaborada, próprios da criação literária.”
Marcus Cartum, arquiteto
“Marcos Faerman, cuja vida intensa e produtiva por suas realizações como repórter, criador e editor, professor de jornalismo, escritor e administrador cultural, era regido pela paixão e transmitia sempre a impressão de iniciar uma ressurreição literária no jornalismo. O estilo literário nunca o impediu de obedecer ao requisito fundamental da precisão nos quando, onde e o quê. A capacidade de aliar criatividade e informação factual fez que recebesse muitos prêmios. Deixou textos que se sustentariam fora do âmbito jornalístico e seriam lidos com prazer e atenção se apresentados como ficção.”
Claudio Willer, poeta e ensaísta
“Ele foi desses jornalistas que não se fabricam mais, sentava na máquina e escrevia um texto definitivo. Ler seus escritos era como estar lendo um texto de aventura. O Marcos tem que ser lembrado por sua grande contribuição e para que os novos jornalistas possam beber na fonte dele para resgatar este tipo de jornalismo que ele fazia e acreditava.”
Araquém Alcântara, fotógrafo
“A militância política de Marcos Faerman definiu o perfil ideológico que iria influenciar as futuras reportagens de cunho social e humano. Depois de se tornar um grande repórter, um dos melhores textos do país, um dos únicos estilistas de nossa imprensa derivou para imprensa alternativa e foi um editor genial. Não precisava de grandes recursos financeiros, de grandes redações, de gênios – de todos que editou ou ajudou editar – Bondinho, EX, Plural, o melhor foi o Versus,que, ao lado da Crisis, foi a primeira visão latino americana neste país tão europeizado.”
Paulo Ramos Derengoski – Jornalista