22/04/2021

IVH lamenta a morte de Alípio Freire, grande defensor da democracia

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Há que
haver sobrado
alguma poesia.

Há que
haver
pelo menos
a certeza poética
emblemática
de que
a luta continua.

E há que
haver a aceitação
dessa certeza

porque não posso
sozinho
dinamitar a ilha de Manhattan

e construir uma nova

Aurora.

Poesia de Alípio Freire (1945-2021)

Perdemos nesta quinta-feira (22 de abril), aos 75 anos, o jornalista, escritor e artista plástico Alípio Freire, incansável defensor da democracia brasileira e memória viva da resistência à ditadura militar. Ele estava hospitalizado desde o dia 21 de março e faleceu esta tarde, vítima da Covid-19. O IVH lamenta a morte de nosso companheiro de luta e manifesta toda solidariedade aos amigos e familiares. Prestamos hoje nossa homenagem ao imensurável legado que ele nos deixa por seu compromisso com o povo brasileiro.

Nascido em Salvador, Alípio foi militante da Ala Vermelha, grupo dissidente do PC do B. Aos 23 anos, foi preso pela Operação Bandeirantes (Oban) e sofreu toda a violência de Estado daquele período. Depois de três meses de torturas e interrogatórios, foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde passou cinco anos de sua vida preso (entre 1969 e 1974). Em 2005, foi anistiado pelo Ministério da Justiça. Após a prisão, seguiu dedicando sua vida à luta pela transformação social do país, por meio do jornalismo, das artes e da militância

Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e atuou em diversas frentes dos movimentos sociais e populares. Escreveu também vários livros, entre eles, “Estação Paraíso” e “Estação Liberdade”. Em 2013, lançou seu primeiro documentário, chamado “1964 – Um golpe contra o Brasil“. Foi ainda editor da Revista Sem Terra do MST e membro do conselho de redação da revista Teoria & Debate.

Alípio foi uma figura fundamental na história do Instituto Vladimir Herzog, colaborando com diversos de nossos projetos. Foi imprescindível, por exemplo, para a promoção da memória de seu companheiro Antonio Benetazzo, militante político e artista plástico assassinado pela ditadura militar, em um projeto que hoje está sob responsabilidade do IVH. Também nos concedeu um importante depoimento sobre a imprensa de resistência à ditadura militar, contando sobre sua atuação nos jornais Luta Proletária e a Unidade Proletária ao projeto Resistir é Preciso.

Nossa homenagem a este querido amigo. Seguiremos honrando sua memória!

Alípio Freire, presente!

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