Foto: Mauro Pimentel/AFP
O Instituto Vladimir Herzog vem a público repudiar a iniciativa do governo paulista de trocar o nome da futura estação de metrô Paulo Freire para Fernão Dias. A decisão, tomada por dirigentes da empresa controlada pelo governo de São Paulo, foi revelada nesta terça-feira, 14/03, pela coluna da Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo.
A mudança capitaneada pelo governo de Tarcísio de Freitas não representa apenas uma afronta ao legado de Paulo Freire (1921-1997) – um dos maiores educadores do mundo – mas também uma homenagem totalmente descabida ao bandeirante Fernão Dias (1608-1681), que teve sua trajetória atrelada à violência, exploração e morte.
A história do estado de São Paulo, assim como do Brasil, tem seus alicerces na violência, na exploração de povos indígenas e de pessoas negras escravizadas. Uma mudança cultural urgente e tardia passa pelo fim da exaltação a torturadores, exploradores, colonizadores e bandeirantes como Fernão Dias.
A preferência pelo nome de um colonizador em detrimento de um educador democrata representa, sobretudo, um apagamento do passado e, por consequência, a falta de prioridade com os valores democráticos e dos direitos humanos.
O estado de São Paulo tem muito a avançar no sentido de diminuir as homenagens a bandeirantes em monumentos, nomes de vias e prédios – a começar pelo Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado. Não se pode permitir, de forma alguma, render mais homenagens a quem deixou legado de morte, exploração e racismo para tantas gerações.
Precisamos unir esforços para o fortalecimento da nossa democracia, tão ameaçada, e para isso, promover o nome de figuras historicamente comprometidas com a dignidade humana, o respeito à diversidade e uma cultura de paz é primordial. Assim, o IVH faz um apelo ao Governo do Estado para que tal medida seja revogada em prol de uma história não de violência, mas de educação, justiça e paz.
