Dividida em seis partes que revelam os eixos temáticos e as variedades estilísticas do autor, a mostra – inaugurada em abril no CCSP e em outubro no CFCCT – reúne o maior número de obras de Benetazzo já encontradas, todas espalhadas em casas de amigos e parentes. A exposição coroa o inédito projeto desenvolvido desde 2014 pela Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo (CDMV/SMDHC).
A exposição é realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, o Centro Cultural São Paulo e conta com apoio do Instituto Vladimir Herzog.
Na mostra o público conheceu cerca de 90 obras, incluindo os desenhos realizados em 1971, quando o artista esteve na clandestinidade, alguns estudos, além de objetos pessoais e cópias do jornal Imprensa popular, publicação oficial do Movimento de Libertação Popular (MOLIPO), redigido por Benetazzo.
“O projeto tira da clandestinidade a desconhecida obra artística de um importante militante político. Ao mesmo tempo, é também uma forma de reparação histórica”, salienta Marie Goulart, integrante da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da SMDHC.
Além da exposição Antonio Benetazzo, Permanências do Sensível, com pesquisa e curadoria de Reinaldo Cardenuto, o projeto também resulta no documentário Entre Imagens – (Intervalos), filme-ensaio em torno da vida e da obra de Benetazzo. Com direção de André Fratti Costa e Reinaldo Cardenuto, o filme tem sido exibido em importantes festivais, como a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, Mostra de Curta CCBB, 16ª Mostra de Curta Goiânia, a mostra francesa Brésil en Mouvement e VII Festival Pachamama, onde foi premiado na categoria Melhor Curta Metragem. O projeto de resgate do trabalho artístico de Benetazzo inclui ainda a publicação de um livro que contém artigos da curadoria, de especialistas e reproduções das obras selecionadas para a exposição.
“Estamos diante de uma bela obra, a transitar por diferentes estilos e a propor olhares ainda desconhecidos sobre o Brasil do regime militar. É imprescindível destacar que ele foi um grande artista, autor de um projeto estético singular”, afirma o curador Reinaldo Cardenuto.
A exposição, o documentário e o livro relembram que a ditadura não só impediu a produção e circulação de obras críticas contra o regime, mas atacou e prejudicou a sociedade como um todo. Um dos principais objetivos da mostra, além de inserir Benetazzo na História da Arte brasileira, é incentivar os visitantes – principalmente aqueles que não vivenciaram o período da ditadura – a refletir sobre o regime autoritário para que o conheçam e não deixem que essa violenta história se repita.
Veja a página completa da Exposição Antonio Benetazzo.