No dia 16 de maio o Instituto Vladimir Herzog recebeu a visita de Valério Luiz Filho, presidente do Instituto que leva o nome de seu pai, o jornalista esportivo Valério Luiz de Oliveira, assassinado em frente ao prédio da emissora de rádio onde trabalhava em Goiânia (GO).
Valério Luiz Oliveira exercia há mais de 30 anos a profissão de cronista esportivo em Goiás, seguindo os passos de seu pai, que também trabalhou nas emissoras do estado, cobrindo noticias sobre esportes.
Em 2010 Valério pai começou a publicar críticas à gestão de futebol do Clube Atlético Goianiense, abrangendo os patrocinadores da equipe e o vice-diretor de futebol e envolvendo compra de resultados, acordos com torcedores do clube para causar pressão sobre a comissão técnica, os jogadores e a própria diretoria e uso de drogas nas concentrações, entre outras acusações.
Naquela época, a diretoria do Atlético era composta por nomes de pessoas muito poderosas e importantes da política de Goiás: o presidente do clube era o deputado federal Valdivino de Oliveira; o vice-presidente era Maurício Borges Sampaio, proprietário do maior cartório do estado de Goiás; e o diretor de Comunicação do clube era o tenente-coronel Wellington Urzeda, que exercia grande influência sobre a Policia Militar local.
O Caso
Em 2012, após o Atlético perder a final do campeonato goiano, foi anunciada a saída do Maurício Borges Sampaio e do tenente-coronel Wellington Urzeda da Diretoria do clube. Valério, em uma de suas transmissões radiofônicas, então teria afirmado que a atitude dos dirigentes era normal e que “quando o navio afunda os ratos são os primeiros a abandoná-lo”.
Pouco tempo depois uma carta foi enviada a Rádio PUC TV e à Rádio Jornal, onde Valério tinha programas esportivos, comunicando que as equipes das duas emissoras estavam proibidas de entrar nas instalações do Atlético enquanto Valério trabalhasse lá. Após alguns dias, ao sair da emissora 820 por volta da 14 horas, Valério entra em seu carro parado na frente da emissora, quando é executado com seis tiros por um homem em uma moto.
As investigações da Policia Civil comprovaram que o mandante do crime fora o ex-vice-presidente de futebol do Atlético Goianiense, Maurício Borges Sampaio.
Ao todo cinco pessoas foram indiciadas pelo crime: Maurício Sampaio como mandante; dois policiais militares, Ademar Figueiredo e Djalma da Silva; o motorista de Mauricio Sampaio, conhecido como Urbano; e Marcus Vinicius, amigo dos policiais, proprietário de um comércio próximo ao local do crime, que serviu como ponto de apoio para o criminoso.
Hoje o caso está na fase de alegações finais, para decisão sobre o julgamento dos acusados por júri popular. Todos os acusados foram presos no ano passado e hoje aguardam em liberdade. Marcos Vinicius, que denunciou todos os acusados do caso, hoje se encontra foragido.
Instituto Valério Luiz
Formado em advocacia, Valério Luiz Filho veio até o Instituto Vladimir Herzog apresentar o caso e falar sobre o Instituto que criou em homenagem a seu pai. Em reunião com Ivo Herzog, diretor executivo do IVH, Valério defendeu a federalização de crimes cometidos contra jornalistas. Ele acredita que dessa forma os criminosos serão julgados fora de suas áreas de influência.
O Instituto foi fundado pela família de Valério Luiz no primeiro semestre de 2013, com a missão de lutar por justiça aos responsáveis pelo assassinato do jornalista e incentivar as famílias por justiça em casos semelhantes, no estado de Goiás, uma vez que casos como o de Valério Luiz não podem passar sem a punição dos criminosos. O Instituto vem realizando seminários de conscientização para famílias vitimas de crimes de assassinato e para o apoio à liberdade de imprensa no estado de Goiás.
Foto: Julio Maia/Instituto Vladimir Herzog
Contato do Instituto Valério Luiz:
Facebook: /institutovalerioluiz
E-mail: [email protected]
Telefone: 62 – 3432 6835
Veja a entrevista completa de Valério Luiz Filho e mais detalhes do caso clicando aqui.
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