O Instituto Vladimir Herzog vem a público para repudiar a decisão do governo britânico de extraditar o jornalista Julian Assange para os Estados Unidos.
Menos de um dia depois de o mundo se chocar com o assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, recebemos inconformados a notícia de mais um lamentável ataque à liberdade de expressão de proporção internacional, desta vez perpetrado pelo próprio governo do Reino Unido.
A extradição de Assange abre um precedente absolutamente perigoso para que jornalistas e comunicadores de todo o mundo sejam criminalizados por publicarem reportagens jornalísticas de incontestável interesse público.
Assange contribuiu de modo decisivo para o avanço do conhecimento e da proteção do direito à informação em todo o planeta. Denunciou mentiras, desmascarou falsos heróis, desvendou tratativas escusas entre governos. Comprovou denúncias de execução e tortura de prisioneiros e de jornalistas.
Num exemplo de rigor profissional, suas revelações sempre foram acompanhadas por farta documentação e por fotos e vídeos cuja veracidade jamais foi contestada. Não falsificou os fatos, não omitiu, não distorceu, não mentiu nem enganou. Apenas cumpriu o dever de apurar a dura realidade destes nossos tempos.
Em um momento histórico em que o jornalismo é violentamente atacado por aqueles que tentam impedir a livre circulação de informações e a denúncia de condutas criminosas e irregulares – como os que assassinaram Bruno Pereira e Dom Phillips na Amazônia – a extradição de Assange é um duro golpe contra a liberdade de expressão e contra os direitos humanos consagrados pela Declaração Universal instituída pela Organização das Nações Unidas em 1948.
Para enfrentarmos os duros tempos que vivemos, é absolutamente fundamental, portanto, que o governo britânico reveja tal decisão e garanta liberdade a Julian Assange, preservando direitos e conquistas internacionais que interessam a toda a humanidade.