Memórias de um menino sobre o assassinato de Chico Mendes e história em quadrinhos sobre a vida de Vlado se somam a cinco títulos já publicados pelo selo
Criada em 2013 para produzir e comercializar livros com conteúdos ligados aos Direitos Humanos, a Editora Instituto Vladimir Herzog completa, em 2015, dois anos de existência. Nesse período foram publicados cinco títulos e, neste ano, pelo menos outros dois chegarão às livrarias. Um traz as memórias de Genésio Ferreira da Silva – o vaqueiro que trabalhava na fazenda em que o assassinato de Chico Mendes foi planejado. O outro contará a trajetória de vida de Vladimir Herzog em forma de história em quadrinhos, produzida por desenhistas italianos.
A história do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, morto em 1988 com um tiro no peito na porta de sua casa em Xapuri, no Acre, será recontada a partir da memória de um personagem extraordinário: o menino vaqueiro que, aos 13 anos de idade, vivia na fazenda onde o crime foi planejado. Genésio Ferreira da Silva morava e trabalhava desde os sete anos como peão na fazenda Paraná, propriedade de Darly Alves da Silva, posteriormente condenado como mandante do crime.
Imediatamente após o testemunho, ele foi entrevistado pela imprensa de diversos países. Mundialmente conhecido, foi ameaçado de morte por uma das mulheres de Darly. Por questões de segurança, o garoto acabou preso. Depois ficou sob a tutela dos jornalistas Elson Martins e Zuenir Ventura, até os 21 anos. Voltou para o Acre, mas jamais conseguiu se adaptar à vida urbana. Em 2004, após uma longa viagem pelo Brasil, procurou Martins e disse que estava “escrevendo alguma coisa” sobre aquela história. No dia seguinte, apareceu com 395 páginas de um caderno escolar, todas escritas à mão, já organizadas em capítulos. E é esse o material que, agora, irá virar livro.
Outro lançamento previsto para este ano é de uma história em quadrinhos de quatro artistas italianos que traz a trajetória do jornalista Vladimir Herzog, que dá nome à editora e foi assassinado pelas forças de repressão da ditadura militar em 1975 – portanto, há quarenta anos.
Por meio de uma rede social, o Instituto soube do trabalho produzido e publicado na Itália por Ivan Grozny, Giovanni Battistin, Alberto Rizzi e Marco Bellotto, que realizaram uma enorme pesquisa para construção da HQ. Nela, apresentam a vida de Vlado desde a fuga da perseguição nazista com a família, rumo ao Brasil, até os anos de chumbo entre 1964 e 1985. Em paralelo, os quadrinhos fazem ligações dessa história com as manifestações ocorridas no Brasil entre julho de 2013 e a Copa do Mundo em 2014.
Os dois títulos previstos para serem lançados em 2015 se juntam a outras cinco publicações: “A Constituição de 1988, 25 anos – A Construção da Democracia e Liberdade de Expressão: O Brasil antes, durante e depois da Constituinte”, de Marcos Emílio Gomes; “O Cardeal da Resistência – As Muitas Vidas de dom Paulo Evaristo Arns”, de Ricardo Carvalho; “50 Anos Construindo a Democracia – Do Golpe de 64 à Comissão da Verdade”, de Mario Sério de Moraes; além do catálogo da exposição “Resistir é Preciso…” e de “A Declaração Universal dos Direitos Humanos – 30 Artigos Ilustrados por 30 Artistas”. Há ainda outros projetos que, atualmente, estão em busca de patrocínio para serem publicados.