22/01/2018

Dois jornalistas assassinados em apenas dois dias

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Ueliton Brizon (à esquerda) era suplente da Câmara de Cacoal (RO) e jornalista. Jefferson Pureza (à direita) era radialista e bem conhecido no sul de Goiás.

Em apenas dois dias, um jornalista que denunciava irregularidades no estado de Rondônia e um radialista do estado de Goiás, conhecido por seus programas polêmicos, foram assassinados no Brasil.

O jornalista Ueliton Bayer Brizon, proprietário do site de notícias “Jornal de Rondônia”, foi assassinado na última terça-feira, 16 de janeiro 2018, em Cacoal, cidade de 90 mil habitantes, no interior do estado de Rondônia. De acordo com informações da imprensa local, Ueliton foi executado quando se deslocava de moto com a mulher pela cidade por um homem, também de moto, que efetuou os disparos e fugiu.

No site, o jornalista publicava notícias relacionadas aos acontecimentos de Cacoal, em particular sobre a política local. De acordo com a nota de pesar emitida pela Associação Cacoalense de Imprensa (ACI), o jornalista era atuante e mantinha uma linha editorial respaldada pela ética. Ele era também presidente municipal do partido PHS (Partido Humanista da Solidariedade) e suplente de vereador.

Na cidade de Edealina, no sul do estado de Goiás, o jornalista Jefferson Pureza Lopes, que apresentava um programa na rádio local “Beira Rio FM”, foi assassinado no dia 17 de janeiro. Dois homens armados invadiram a casa do jornalista e atiraram diversas vezes. A polícia civil anunciou que está apurando diversas pistas e reconheceu que o programa de Jefferson Pureza Lopes, que abordava a atualidade da região, era bastante conhecido e não agradava às autoridades locais. Em novembro de 2017, a rádio “Beira Rio FM” foi incendiada e os responsáveis nunca foram identificados. De acordo com um amigo, o jornalista vinha sendo alvo de uma série de ameaças há mais de um ano.

O Instituto Vladimir Herzog pede às autoridades de Rondônia e Goiás que identifiquem o quanto antes os responsáveis desses crimes covardes. A hipótese de que estes assassinatos estejam relacionados com o trabalho jornalístico deve ser uma linha privilegiada na investigação. A violência contra jornalistas e comunicadores críticos é recorrente no Brasil e constitui uma das principais ameaças ao direito à liberdade de expressão no país.

Desde 2010, ao menos 26 jornalistas e comunicadores foram assassinados no país em relação com seu exercício profissional. O Brasil se encontra na 103ª posição, entre 180 países, no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2017, elaborado pela ONG Repórteres sem Fronteiras.

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