11/02/2014

Mais um Passo para Esclarecer o Caso Rubens Paiva

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“Rubens Paiva, pai, engenheiro, politico, brasileiro, desaparecido durante o regime militar iniciado em 1964 no Brasil”. É assim que encontramos a informação sobre a pessoa Rubens Paiva em diversos sites de pesquisa.
Durante 40 anos foi essa a história que prevaleceu, registrada oficialmente para familiares, amigos e sociedade civil brasileira. Uma história mal contada, como as de muitas pessoas desaparecidas durante o regime militar.

O deputado Rubens Paiva teve seu mandato cassado em 1964, ficou exilado do País durante nove meses. Retornou para o Brasil, reencontrou sua família e foi morar no Rio de Janeiro.  Fundador do Jornal Debates, foi diretor do Última Hora de São Paulo mais tarde vendido ao Grupo Folha da Manhã.
Em  20 de janeiro de 1971, homens que se diziam da Aeronáutica invadiram sua  casa armados com metralhadoras para prendê-lo, sem ao menos ter um mandado de prisão em mãos. Sua esposa e filha foram detidas no mesmo dia.
Os agentes suspeitavam que Rubens Paiva poderia ter alguma informação que levasse a Carlos Lamarca, na época o homem mais procurado do País.

O deputado foi levado primeiramente para a base militar da 3a Zona Aérea e no dia seguinte para DOI – CODI, na zona Norte do Rio de Janeiro. Em nota oficial dos órgãos de segurança da época, seu “desaparecimento” aconteceu dia 22 de janeiro de 1971, vítima de abordagem de indivíduos desconhecidos que teriam atacado o carro militar em que estava Rubens Paiva e o sequestrado, sendo o deputado qualificado como desaparecido.
Essa versão não foi aceita por parte da sociedade e depoimentos colhidos com o passar dos anos mostraram que Rubens Paiva fora brutalmente espancado antes mesmo de ser levado para o DOI-CODI, no entanto nada ainda explicava o seu total desaparecimento.

Na semana passada duas reportagens publicadas pelo Jornal Nacional caminharam mais um pouco para esclarecer a realidade do caso. Segundo as reportagens, Cláudio Fonteles, ex – coordenador da Comissão Nacional da Verdade, encontrou documentos que comprovam que Paiva permaneceu no DOI-CODI até 25 de janeiro e não fazem menção a seu desaparecimento. Veja neste link a primeira matéria veiculada.
Matéria do Jornal Nacional – 04/02/2014
clique aqui

No dia 6 de fevereiro a segunda matéria do Jornal Nacional foi publicada, com um novo depoimento. Raymundo Ronaldo Campos, coronel reformado do Exército, prestou depoimento sobre o caso perante a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, explicando que recebeu ordem do major Francisco Demiurgo Santos Cardoso para levar um carro para bem longe e atear fogo nele, forjando um ataque de terroristas para justificar o desaparecimento de um prisioneiro. Raymundo relatou nunca ter visto Rubens Paiva, mas sabia que o homem que deveria estar no carro morrera no interrogatório. Seu depoimento mostra a falsidade da versão forjada na época dos acontecimentos. Veja aqui a segunda reportagem publicada pelo Jornal Nacional.

Matéria do Jornal Nacional – 06/02/2014
clique aqui

 

Rubens Paiva  tem assim sua história reescrita, demonstrando-se mais uma vez que o trabalho das Comissões da Verdade e das entidades e pessoas que lutam pela verdade e memória de tempos sombrios para a Nação é mais do que fundamental.
Essa história que alguns tentam fazer ignorar ou esquecer ganha nomes, força e vida, a cada descoberta de uma farsa aplicada a nós, cidadãos.
Para a continuidade democrática de um país, sua história não pode ser esquecida: precisa, sim, ser ensinada de forma clara e plena, para que os erros do passado não voltem a acontecer.
A impunidade não deve prevalecer para aqueles que desrespeitaram ou desrespeitam o direito constitucional de cidadãos brasileiros.

De Rubens a Amarildo, direito à vida. E direito à justiça.

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