Comissão, que também leva o nome de Vladimir Herzog, apurou responsabilidades de agentes públicos e buscou esclarecer casos obscuros, como a morte de Juscelino Kubitschek
Como parte das atividades para relembrar os 40 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, a Câmara Municipal de São Paulo reinaugurou, no último dia 26 de outubro, a Praça Vladimir Herzog, que fica ao lado do prédio do Legislativo Paulistano, de frente para a Praça da Bandeira.
A cerimônia, aberta pela orquestra da Guarda Civil Metropolitana, contou com a participação de diversas autoridades que viveram o período da ditadura no Brasil, além de Ivo e Clarice Herzog. Na ocasião, foi reinaugurado também o mosaico de 6 metros criado por crianças do Projeto Âncora, que reproduz o quadro “25 de outubro”, de autoria do artista plástico Elifas Andreato.
“Essa é uma oportunidade para que nós entreguemos a primeira etapa do espaço de convivência e do painel ‘25 de Outubro’, do Elifas Andreato, mas com ocompromisso — e nós já estamos trabalhando para isso — de colocar aqui a estátua do Vladimir até o ano que vem. Esse é o compromisso da Câmara”, afirmou Antônio Donato, presidente da Câmara Municipal de São Paulo.
Relatório final da Comissão da Verdade
Logo na sequência da cerimônia de reinauguração da praça, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, que também leva o nome de Vladimir Herzog, apresentou no Plenário da Casa, seu relatório final. Com 450 páginas e 25 recomendações, o documento foi elaborado entre os anos de 2013 e 2015, após ouvir mais de 80 horas de depoimentos.
A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog continuou as investigações iniciadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) presidida pelo então vereador Ítalo Cardoso, que nos anos 1990 apurou responsabilidades dos agentes públicos municipais nos crimes de ocultação de cadáver e desaparecimentos forçados na vala clandestina de Perus, descoberta em 1990.
O vereador Gilberto Natalini, que presidiu a Comissão Municipal da Verdade, comentou os trabalhos exaustivos e citou alguns pontos que foram aprofundados, como o caso da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. “Com 114 indícios, nós chegamos à conclusão de que Juscelino foi morto por um atentado político pela ditadura, na via Dutra, em 1976. Nesse ponto, tivemos uma divergência com a Comissão Nacional da Verdade, que concluiu que houve um acidente”, disse.
Além de Clarice Herzog, presidente do Instituto Vladimir Herzog e viúva do jornalista, diversas pessoas foram homenageadas pela comissão. Clarice fez questão de parabenizar a Câmara pelo trabalho realizado e agradecer pelo relatório final “investigativo e esclarecedor”.