14/06/2018

Ao mestre Audálio Dantas, com carinho

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Sempre tive uma enorme admiração por Audálio Dantas. Por sua coragem, sua obstinação e sua disposição em lutar pelo povo, mesmo em momentos tão difíceis e tão ameaçadores.

Fui conhecê-lo pessoalmente apenas em 2013, quando era Secretário Municipal de Direitos Humanos, e tive a missão de dar os primeiros passos para a constituição da Comissão Municipal da Verdade.

O nome de Audálio foi um dos primeiros que veio à minha cabeça, por tudo que ele representava. Liguei então para Ivo Herzog, que adorou a ideia e reforçou minha intenção em convidá-lo para compor a Comissão. Naquela época, Audálio passava por algumas dificuldades e era importante, também, prestar essa homenagem para que nenhum de nós – nem ele – esquecêssemos da importância que ele teve em todo o processo de redemocratização do país.

Conversei então com o prefeito Fernando Haddad, que também se mostrou entusiasmado com o nome de Audálio. E assim estava composto o grupo que daria os primeiros passos da Comissão Municipal da Verdade: Audálio Dantas, Fernando Morais, Tereza Lajolo, Fermino Fechio e Cesar Cordaro.

Com mais de oito décadas de vida, sendo que várias delas foram inteiramente dedicadas à luta pelos direitos humanos no Brasil, Audálio Dantas foi fundamental para que a Comissão pudesse avançar no processo de reparação das vítimas da ditadura e a consolidação de instrumentos que cooperem no sentido de evitar que violações parecidas venham a ocorrer.

Além disso, Audálio sempre foi muito próximo ao Instituto Vladimir Herzog. Com seu olhar, sua experiência e sua visão crítica, foi figura fundamental na criação e na consolidação do IVH como entidade que se tornou uma referência na defesa dos direitos humanos.

Por tudo que representou na luta pela democracia e pela liberdade de expressão, Audálio Dantas recebeu muitas homenagens em vida. Agora, tenho certeza, continuará sendo assim. Pois figuras como ele jamais serão esquecidas e sempre servirão de inspiração para que continuemos a buscar, incessantemente, a construção de um país melhor.

Rogério Sottili
Diretor Executivo do Instituto Vladimir Herzog

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