No Rio de Janeiro, na última quinta feira (30), o conselheiro do Instituto Vladimir Herzog Zuenir Ventura, de 83 anos, foi eleito para ocupar a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL). O jornalista e escritor concorreu com Thiago de Mello e Olga Savary e recebeu 35 dos 37 votos possíveis, enquanto os outros candidatos receberam um voto cada um. A cadeira estava vaga desde 23 de julho do ano passado, quando ocorreu a morte do poeta, romancista e dramaturgo Ariano Suassuna.
Zuenir nasceu em Minas Gerais, na cidade de Além Paraíba, em 1931 e cursou a faculdade de Letras Neolatinas, após se arriscar como pintor, faxineiro, balconista e professor, ensinando na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Escola Superior de Desenho Industrial.
Em 1988, escreveu a sua obra mais conhecida: “1968 – O Ano Que Não Terminou”, livro no qual narra a efervescência política e civil que marcava o Brasil naquela época, baseando-se em entrevistas , pesquisas e observações pessoais, além de materiais inéditos até então. Posteriormente o livro inspirou a minissérie “Anos Rebeldes”, da TV Globo.
Zuenir já trabalhou em veículos como “Visão”, “Veja” e “Jornal do Brasil”, como repórter, editor e chefe de redação. Também é autor do livro “Cidade Partida”, ganhador do Prêmio Jabuti em 1995 na categoria reportagem, que trata sobre a barbárie no Rio de Janeiro, relatando a organização da sociedade civil em combate à violência.
Sua série de reportagens no “Jornal do Brasil” sobre o assassinato de Chico Mendes rendeu-lhe os prêmios Esso de Jornalismo e o Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Em 2008 recebeu um troféu especial da ONU por ter sido um dos cinco jornalistas que “mais contribuíram para a defesa dos direitos humanos no país nos últimos 30 anos”. Posteriormente, em 2013, o material de suas reportagens foi reunido no livro “Chico Mendes: Crime e Castigo”, mesmo ano em que seu romance mais recente, “Sagrada Família”, concorreu ao Prêmio Jabuti.
Com uma jornada impressionante, Zuenir já se havia candidatado outras três vezes à ABL, mas sempre desistiu para apoiar amigos que também se candidataram e agora conquista a cadeira que já foi ocupada por Carlos Laet, Ramiz Galvão, Viriato Correia, Joracy Camargo e Genolino Amado.
Atualmente é um dos membros ilustres do Conselho do Instituto Vladimir Herzog e colunista do jornal O Globo.