Miriam Mehler Renato Borghi, Denise Fraga, Edgar Castro e Sérgio Ricardo
participarão das leituras encenadas, com direção de Cibele Forjaz
Na semana em que o golpe de 1964 completa 50 anos, o Instituto Vladimir Herzog e a Cia Livre promovem no teatro TucArena, em São Paulo, duas leituras encenadas de peças históricas da resistência à ditadura, apresentando pontos de vista distintos sobre a vida e o assassinato do jornalista Vladimir Herzog: Ponto de Partida e Patética. Dia 31 de março estreou a peça Ponto de Partida, e Patética estréia hoje, 01 de abril.
Patética, peça escrita por João Ribeiro Chaves Neto em 1978, apresenta uma trupe de artistas circenses que representa, pela primeira e última vez, a história de Glauco Horowitz. Seu início é em um navio atracado no porto do Rio de Janeiro e termina em uma tarde escura em São Paulo. Por meio de uma estrutura metateatral, a peça discute a censura, ao mesmo tempo em que conta a vida de Vladimir Herzog. Momentos marcantes da história do jornalista assassinado, como a imigração de seus pais para o Brasil, o trabalho de resistência, a sua prisão para prestar depoimentos nas dependências do DOI-CODI, a morte sob tortura e a luta de sua família para provar que foi assassinado, são retratados na peça. No fim o espetáculo da trupe é proibido e o próprio circo é fechado.
Para Cibele, esta peça é claramente baseada na vida de Vlado. “A peça foi escrita por João Ribeiro Neto, cunhado de Vladimir e que, inclusive, se colocou como um dos personagens. Por se tratar de uma estrutura metateatral, serão apenas cinco atores interpretando mais de um papel, sendo um espetáculo dentro de um espetáculo”, conta.
Em seu elenco estão Renato Borghi e Miriam Mehler, que trabalharam juntos na peça Andorra. Miriam Mehler também atuou em Eles Não Usam Black Tie, de Gianfrancesco Guarnieri.
Com a participação de Denise Fraga e Edgar Castro no elenco, Ponto de Partida é uma obra escrita por Gianfrancesco Guarnieri, em 1976, que narra a história da aparição repentina de um corpo enforcado numa árvore, localizada no centro da praça de uma aldeia. A partir daí, coloca-se a questão: o personagem Birdo teria se enforcado ou foi assassinado? Enquanto uns questionam a causa da morte, outros tentam esconder a violência e naturalizar o ocorrido. Na peça, Denise Fraga interpreta Maira, que é esposa de Birdo, em um dos papéis centrais.
Toda a obra é uma clara referência à ditadura e suas consequências, num texto profundo e politizado, que teve como inspiração principal o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, torturado no DOI-CODI em 25 de Outubro de 1975. Segundo a diretora das peças, Cibele Forjaz, trata-se de uma fábula que pode tanto representar a história de Vladimir Herzog, como também a história de outras vítimas de violência. “No caso de Ponto de Partida, Birdo é o Vlado, mas também representa todos os torturados, é menos pessoal, sendo uma peça mais simbólica e subjetiva”, afirmou.
O cantor, ator e compositor Celso Sim também entre os destaques da peça e dará vida a um personagem épico-lírico, especialmente criado para estas apresentações, sendo encarregado das interpretações musicais que integram o enredo numa espécie de adicional bônus para esta data que constitui um marco na História.
As leituras encenadas são espetáculos que possuem um conceito, criação, ensaios e produção, mas com o texto teatral presente como personagem principal da ação. A diretora das peças sinaliza que este recurso é também uma ferramenta de aproximação: “A presença do texto é como se tivéssemos no palco tanto o Gianfrancesco Guarnieri, por Ponto de Partida, quanto o João Ribeiro Chaves Neto, por Patética, trazendo a memória deles para mais perto de todos nós”.
Para Renato Borghi, a utilização do formato de leitura encenada demonstra que o real espírito teatral não foi esquecido. “Fiquei mesmo muito emocionado e acho que esta postura vale ser lembrada”, finalizou.
As peças marcam a programação especial do Instituto Vladimir Herzog para a data dos 50 anos do golpe, lembrada pelos jovens de cinquenta anos atrás e, principalmente, contada e recontada para os jovens do século XXI, que integram a primeira geração que nasce e cresce sob o regime democrático em toda a História da República brasileira. Com o objetivo expresso de que a luta pela liberdade, dos que viveram e morreram por ela, passe de pai para filho, de geração a geração, refazendo os laços ainda emaranhados na nossa História recente. Para fazer relembrar sempre com consciência nossa responsabilidade na construção da História.
Patética
Teatro TucArena – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes, SP. Telefone: (11) 3670-8455 ou (11) 3670-8462. Acesso para deficientes, ar condicionado, estacionamento (R$ 10,00) na Rua Monte Alegre n° 835, permite levar pets, Valet/Manobrista (R$ 15,00) somente aos sábados e domingos.
Data – 01/04 e 02/04, às 21h.
Elenco – Renato Borghi, Miriam Mehler, Isabel Teixeira, Élcio Nogueira Seixas e Luciano Chirólli. Direção: Cibele Forjaz.
Valor – R$ 20,00 (idosos e estudantes pagam meia).
Ponto de Partida
Teatro TucArena – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes, SP. Telefone: (11) 3670 8455 ou (11) 3670 8462. Acesso para deficientes, ar condicionado, estacionamento (R$ 10,00) na Rua Monte Alegre n° 835, permite levar pets, Valet/Manobrista (R$ 15,00) somente aos sábados e domingos.
Data – 03/04, às 21h.
Elenco – Denise Fraga, Lucia Romano, Edgar Castro, Eucir de Souza, Mauricio Marques e Celso Sim. Direção: Cibele Forjaz.
Valor – R$ 20,00 (idosos e estudantes pagam meia).
No dia 31/03 o evento contará também com a apresentação da música original de Ponto de Partida cantada por seu autor, Sérgio Ricardo.