O Instituto Vladimir Herzog vem a público manifestar seu mais veemente repúdio à conduta da jornalista Madeleine Lacsko, que, em vídeo publicado pelo canal no YouTube de “O Antagonista”, propagou desinformação, descredibilizou jornalistas e comunicadores populares, e incitou discursos de ódio ao acusá-los, de forma absolutamente leviana, de serem ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
Trata-se de uma grave e inaceitável distorção da realidade, que ultrapassa os limites da crítica legítima, contamina o debate público e coloca em risco a integridade dessas pessoas.
A liberdade de expressão, fundamento essencial da democracia, não é um direito absoluto. Quando alguém deliberadamente divulga informações falsas, deixa de exercer um direito constitucional para adotar uma prática que contribui para a erosão de valores democráticos. O uso irresponsável de plataformas de grande audiência para difundir mentiras não fortalece o pluralismo, mas o corrói, pois mina a confiança social na imprensa, alimenta perseguições políticas e fomenta a hostilidade contra pessoas que atuam, diariamente, em defesa do interesse público e da democratização do acesso à informação.
Ao falsamente atribuir vínculos entre veículos de comunicação com o Comando Vermelho, Madeleine Lacsko ainda viola a liberdade de expressão de jornalistas e comunicadores, deslegitimando sua atuação e tentando descredibilizá-la perante a sociedade. Os exemplos de jornalismo e comunicação popular citados por Lacsko no vídeo exercem papel reconhecidamente fundamental na democratização da produção e do acesso à informação, especialmente em territórios periféricos, onde frequentemente substituem o silêncio das grandes redações por cobertura comprometida com a pluralidade e os direitos humanos. Agredir sua reputação sem qualquer base factual representa não apenas uma forma rasteira de ofensa pessoal, mas um ataque direto às condições necessárias para que sigam produzindo informações de interesse público.
Diante disso, o Instituto Vladimir Herzog reforça que desinformação não é jornalismo e que fake news não são notícias. Causa profunda indignação constatar que uma jornalista, ciente da responsabilidade que acompanha o ofício, utilize seu espaço de projeção pública de forma tão irresponsável, divulgando mentiras, incitando o ódio e poluindo o debate democrático com um conteúdo tão rasteiro e virulento.
Prestamos solidariedade a todos os jornalistas e comunicadores atacados por Madeleine Lacsko, nos colocamos à disposição para reagir às ofensas e aos ataques dos quais eles estão sendo vítimas, e reafirmamos nosso compromisso com a defesa da liberdade de expressão, da comunicação popular e do jornalismo comprometido com a verdade e com o interesse público.