Foto: Reprodução/TV Globo
16/08/2023

Instituto Vladimir Herzog repudia escalada de violência policial contra civis e jornalistas

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O Instituto Vladimir Herzog vem a público para repudiar a violência policial cometida contra Danielle Zampollo, jornalista da equipe do programa Profissão Repórter, da TV Globo. Danielle ficou sob a mira de um fuzil de um policial do Centro de Operações Especiais da Polícia Militar de São Paulo por 17 segundos, enquanto cobria os fatos relacionados à chacina ocorrida na Baixada Santista no começo deste mês.

Consideramos a ação policial em questão absolutamente inaceitável. Trata-se de uma clara tentativa de intimidação do trabalho jornalístico, que precisa ser investigada e punida de forma célere e transparente.

Desde o início das recentes chacinas que ocorreram na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo, a população de diferentes regiões do país têm sofrido uma escalada de violência que reforça o autoritarismo bélico do Estado brasileiro.

É preciso denunciar e reafirmar com todas as letras: a postura violenta das forças policiais brasileiras, que historicamente tem como alvo preferencial as pessoas pobres, pretas e periféricas – e que também atinge jornalistas e comunicadores que cobrem tais ações – é absolutamente incompatível com o Estado Democrático de Direito.

Precisamos conter, de forma urgente, a escalada da violência, legitimada e incentivada por representantes do poder público. Não podemos aceitar falas como a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que disse estar extremamente satisfeito com a ação policial que assassinou pelo menos 18 pessoas na Baixada Santista. Nem a do ministro da Casa Civil do Governo Federal, Rui Costa, que definiu como resultado de um “confronto” na Bahia a morte de 30 pessoas em apenas 8 dias, e ainda descredibilizou o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, trabalho de referência realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Nada justifica as ações policiais criminosas em questão, as violações de direitos humanos, tampouco o discurso autoritário digno dos tempos da ditadura militar que aterrorizou a população deste país.

Defendemos mudanças efetivas nas instituições de segurança dos Estados, a fim de promover o direito à vida a todas as pessoas, de todas as classes; e o direito à liberdade de expressão e de imprensa a todos os profissionais da comunicação. Nesse sentido, inclusive, cabe mencionar que, em parceria com a Conectas Direitos Humanos, a Anistia Internacional e o Human Rights Watch, solicitamos ao Ministério Público de São Paulo a investigação e adoção de medidas urgentes para cessar a operação e possíveis violações na baixada santista.

Por fim, reforçamos nossa solidariedade à jornalista Danielle Zampollo e aos familiares das vítimas fatais de todas as chacinas recentes que ocorreram em nosso país. Nos colocamos inteiramente à disposição para cobrar as autoridades responsáveis sobre a investigação da ação intimidatória contra Danielle e para seguir atuando em defesa da atuação de jornalistas e comunicadores em todo o país.

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