O Instituto Vladimir Herzog vem a público para repudiar de forma veemente a operação da Polícia Civil, ordenada pelo governo do estado do Rio de Janeiro, contra moradores da favela do Jacarezinho. Até o momento, 25 pessoas foram assassinadas, fazendo com que esta seja a segunda chacina mais letal da história do estado, segundo dados da plataforma Fogo Cruzado.
De forma completamente covarde e revoltante, a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a mando do governo do estado, instaurou o medo e o terror no Jacarezinho durante toda esta quinta-feira. Como se não bastasse toda a truculência e a desumanidade envolvida na ação, o episódio acontece – é importante lembrar – em meio a uma pandemia que ceifa milhares de vidas brasileiras todos os dias.
Há menos de vinte dias, diversas entidades que atuam na defesa dos direitos humanos estiveram em uma audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), com a presença do ministro Edson Fachin, para tratar da criação de um plano de redução da letalidade policial. Acontecimentos como o de hoje evidenciam a urgência deste plano e que ele inclua a criação de uma perícia criminal autônoma, comprometida com a elucidação dos fatos e com os direitos humanos, e independente dos órgãos de polícia e secretarias de segurança pública.
Temos a clareza de que essa operação não pode ser vista como um ato isolado, uma falha operacional ou um erro pontual. Nossa luta é para que as violências do ontem e do hoje não sejam naturalizadas na sociedade, na política, e que, sobretudo, nossa população pare de ser assassinada e possa viver uma vida plena de direitos, de acesso à educação, ao lazer, à segurança e sobretudo, com seu direito de viver garantido.
Prestamos solidariedade a todos os familiares e amigos das 25 vítimas desta chacina no Jacarezinho, exigimos uma investigação célere e minuciosa dos responsáveis por estes assassinatos – com garantia de trabalho pericial autônomo para coleta de evidências e produção dos laudos – e reafirmamos nosso compromisso irrevogável em seguir lutando pela construção de uma nova política de segurança pública em todo o Brasil.