VLADO PROTEÇÃO AOS JORNALISTAS
Mal chegamos a meados de Março e o Brasil já tem três jornalistas assassinados neste 2013 em que se completam 11 anos do martírio de Tim Lopes, no Rio de Janeiro. Na última sexta-feira, dia 8, Rodrigo Neto de Faria foi morto a tiros em Ipatinga, Minas Gerais, em circunstâncias que sugerem uma execução planejada, relacionada com sua atividade jornalística, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras.
Rodrigo, que já fora ameaçado e vigiado de forma suspeita, cobria assuntos policiais em uma emissora de rádio e um jornal diário e ele havia denunciado à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas a participação de policiais em atividades criminosas.
O primeiro jornalista vitimado em 2013 foi Renato Machado Gonçalves, que, ao sair de sua residência em São João da Barra, no Norte do Estado do Rio, em 8 de Janeiro, foi alvejado por duas pessoas numa moto. Em Fevereiro, dia 22, foi a vez de Mafaldo Bezerra Goes, apresentador de um programa policial de rádio, em Jaguaribe, Ceará, assassinado a tiros após sofrer ameaças.
A tragédias como essas somam-se outras mortes, como a de Gelson Domingos da Silva, cinegrafista da TV Bandeirantes, no Rio de Janeiro, em Novembro de 2011. E exílios forçados, sob ameaças de violência, entre 2012 e 2013, como os de André Caramante, de São Paulo; e Mauri König, de Curitiba.
Os jornalistas e suas famílias são os que mais sofrem com esse quadro acabrunhante, evidentemente. Mas é indispensável que a sociedade como um todo se conscientize de que, institucionalmente, é a população a maior prejudicada, na medida em que seu direito à informação é frustrado ou cerceado, seja por qualquer tipo de censura, pela excessiva judicialização da atividade jornalística, pela intimidação, por manobras decorrentes de corrupção e desvio de função, pela violência física contra profissionais de imprensa e até por seu assassinato, bem como pela impunidade de quem comete esses crimes.
E que a sociedade se mobilize contra essa sinistra maré de violência – e que os governantes, no mínimo por dever de ofício, ajam efetivamente para detê-la. Muito além da segurança pessoal dos jornalistas e de todos os profissionais que trabalham em veículos de comunicação, é essencial fortalecer a instituição da liberdade de expressão, pedra fundamental da democracia. E assegurar o direito de todos os cidadãos ao acesso a informações que lhes permitam formar seus próprios juízos individuais a respeito dos assuntos de interesse público da vida nacional.
Nemércio Nogueira