Nesta terça-feira (8), em proximidade ao Dia do Jornalista, a Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) prestará tributo a Vlado com o evento “Vladimir Herzog 50 anos – Fabico Presente”. O evento marca os 50 anos do assassinato do jornalista e tem como objetivo reinaugurar uma placa em sua homenagem, retirada por apoiadores da ditadura militar em 1975.
Segundo nota da faculdade, “no programa, além do descerramento da placa alusiva, haverá um debate sobre o papel de Vladimir Herzog na construção de um jornalismo ético, profissional e comprometido com a defesa da democracia e dos direitos humanos”. Entre os convidados está Ivo Herzog, filho de Vlado e Clarice Herzog, fundador e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Vladimir Herzog.
A origem: UFRGS retoma memória de resistência contra a ditadura
Dias depois do assassinato de Vlado em 1975, uma assembléia de estudantes do curso de Comunicação Social da UFRGS decidiu nomear uma sala do então Diretório Acadêmico de Biblioteconomia e Comunicação com o nome do jornalista. A placa foi colocada e retirada no dia seguinte pela direção da faculdade.

“Agora, passados quase 50 anos da morte de Herzog, estudantes daquela época e da atualidade vão colocar uma nova placa, registrando o ocorrido e preservando a memória das e dos que defenderam a democracia e os direitos humanos”.
A nova placa

Com arte do cartunista Neltair Rebés Abreu, o Santiago, a placa traz o texto: “Em 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado sob tortura nas dependências do Exército. Vlado defendia a democracia e combatia a ditadura. Em sua honra, as e os estudantes da Fabico deram seu nome à sala do diretório acadêmico. Na manhã seguinte, a placa foi arrancada pela direção da Faculdade, a mando da ditadura. 50 anos depois estamos aqui novamente. Para que não se esqueça, para que nunca mais se repita. Ditadura nunca mais!”.
O evento é importante para que a nova geração, em especial tocada pelo filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”, possa conhecer a história de Vladimir Herzog e das demais vítimas da ditadura militar brasileira. No dia também será distribuída entre os participantes uma edição reimpressa do jornal Lampião em edição especial.

Segundo a jornalista Marcia Turcato, “resgatar a memória do Vlado e todas as lutas de resistência e trazer de volta à vida aqueles que lutaram pela redemocratização e a gente se unir a essa luta é cada vez mais urgente. O filme ‘Ainda Estou Aqui’ ganhou vários festivais e ganhou agora o Oscar, ele nunca foi tão contemporâneo. Porque o que a gente tá sentindo é um retrocesso em relação às conquistas democráticas. Tanta gente morreu por elas e conseguiu depois trazê-las”.
Relembrar e homenagear, são formas de preservar a democracia e impedir a repetição das violências do passado. No marco dos 50 anos de morte do jornalista Vladimir Herzog, a homenagem ganha ainda mais relevância, retomando simbolicamente um espaço de resistência que a ditadura militar tentou por tanto tempo apagar.