Na semana em que o golpe de estado de 1964 completa 50 anos, o Instituto Vladimir Herzog e a Cia.Livre realizam no TUCARENA duas leituras encenadas de peças históricas da resistência à ditadura militar, apresentando pontos de vista distintos sobre a vida e assassinato do jornalista Vladimir Herzog: Ponto de Partida e Patética.
Atores como Denise Fraga, Miriam Mehler e Renato Borghi serão dirigidos por Cibele Forjaz e, na apresentação do dia 31 de Março, Sérgio Ricardo cantará a música original de Ponto de Partida, de sua autoria.
Ponto de Partida, escrita por Gianfrancesco Guarnieri em 1976, começa com um corpo enforcado numa árvore, no centro da praça de uma aldeia. A partir daí coloca-se a questão: Birdo, o poeta, cantor, ativista, teria se enforcado ou foi assassinado? Enquanto uns questionam a causa da morte, outros tentam esconder a violência e naturalizar o ocorrido, para que tais questões deixem de ter um “por quê”.
Patética, peça de autoria de João Ribeiro Chaves Neto em 1978, apresenta uma trupe de artistas circenses que representam pela primeira e última vez a história de Glauco Horowitz, que se inicia em um navio atracado no porto do Rio de Janeiro e termina em uma tarde escura em São Paulo. Por meio de uma estrutura metateatral, a peça discute a censura, ao mesmo tempo em que conta a vida de Vladimir Herzog, desde a imigração de seus pais para o Brasil e passando pelo trabalho de resistência do jornalista, sua detenção para prestar depoimento nas dependências do DOI-Codi, a morte sob tortura e a luta de sua família para provar que foi assassinado. No fim, o espetáculo da trupe é proibido e o próprio circo, fechado.
As leituras encenadas são espetáculos, com conceito, criação, ensaios e produção, mas com o texto teatral presente, como personagem principal da ação. A “leitura” é entendida aqui como um recurso cênico, épico, que coloca as peças em cena, contextualizando o papel histórico das personagens e dos autores, fazendo contracenar dois tempos históricos e duas gerações, em uma mesma arena pública.
O evento marca os cinquenta anos do golpe, data não a ser comemorada, mas lembrada pelos jovens de cinquenta anos atrás e, principalmente, contada e recontada para os jovens do século XXI, a primeira geração que nasce e cresce sob o regime democrático, em toda a História da República brasileira. Com o objetivo expresso de que a luta pela liberdade dos que viveram e morreram por ela possa passar de pai para filho, de geração a geração, refazendo laços, ainda emaranhados na nossa História recente. Para nos fazer relembrar sempre, com consciência, da nossa responsabilidade na construção da História.
SERVIÇO:
Ponto de Partida, de Gianfrancesco Guarnieri. Teatro TucArena. Segunda, dia 31 de março e quinta, dia 03 de Abril, às 21h.
Elenco: Denise Fraga, Lucia Romano, Edgar Castro, Eucir de Souza, Mauricio Marques e Celso Sim. Direção: Cibele Forjaz.
No dia 31/03 o evento contará também com a apresentação da música original de Ponto de Partida, cantada por seu autor, Sérgio Ricardo.
Patética, de João Ribeiro Chaves Neto. Teatro TucArena. Terça e quarta, 01 e 02 de abril, às 21h.
Elenco: Renato Borghi, Miriam Mehler, Isabel Teixeira, Élcio Nogueira Seixas e Luciano Chirólli. Direção: Cibele Forjaz.
As peças são realizações do Instituto Vladimir Herzog para marcar os cinquenta anos do golpe de 64.