14/05/2015

Pesquisa revela que mulheres da periferia ainda não se sentem respeitadas no ambiente público

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Levantamento foi realizado pela Agência Énois – Inteligência Jovem, em parceria com os Institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão

Uma pesquisa realizada pela Agência Énois – Inteligência Jovem, em parceria com os Institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, procurou entender como a violência contra a mulher e o machismo atingem mulheres da periferia. O levantamento ouviu mais de 2.300 brasileiras, de 14 a 24 anos, das classes C e D.

A pesquisa revelou que 90% das mulheres ouvidas, que vivem nas periferias brasileiras, afirmam ter deixado de frequentar espaços públicos e de usar determinadas roupas por medo da violência.

“O que a gente percebe é que, desde a infância, essas meninas são criadas e educadas para aceitarem determinados tipos de machismo e até mesmo de violência”, afirma Erica Teruel Guerra, jornalista e coordenadora do estudo, em entrevista à Rádio CBN.

A pesquisa ainda revela que 77% das meninas afirmam que o machismo afetou o desenvolvimento delas como mulheres. “Desde os primeiros anos de vida, essas meninas têm o acesso público de um jeito muito diferente dos meninos. Os meninos são incentivados a brincar na rua, jogar futebol, empinar pipa; e as meninas têm esse acesso restrito. A consequência disso é que, ao longo do desenvolvimento dessas meninas, essa relação complicada com o espaço público continua”, explica Erica.

Outro ponto relevante do levantamento trata da criação das jovens brasileiras. A pesquisa mostra que 74% das entrevistadas afirmam ter recebido tratamento diferente durante a criação por serem mulheres. Para a coordenadora do estudo, além das restrições em relação às roupas que podiam usar e aos espaços que podiam frequentar, o número também evidencia que ainda existem brincadeiras proibidas para meninas: “Uma coisa que surpreendeu a gente foi o fato de existirem meninas que são impedidas, por exemplo, de jogar futebol ou de empinar pipa, por serem consideradas coisas de menino”.

O papel da mídia no desenvolvimento das meninas também é abordado pela pesquisa. Segundo o levantamento, 86% das entrevistadas não se reconhecem e não se consideram representadas pela mídia. “Isso é uma coisa muito grave, que tem consequências na autoestima das jovens e na forma como elas vão se relacionar com os homens e com as mulheres”, explica Erica.

A pesquisa completa será apresentada durante o 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, que acontece nos dias 20 e 21 de maio no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

A entrevista completa de Erica Teruel Guerra para a Rádio CBN pode ser ouvida aqui:

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