13/08/2014
Além dos jornalistas Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, sabe-se agora, pelo blog de Cristiana Lobo no portal G1, que também a ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, teve seu perfil na Wikipedia violado, com a inserção de informações negativas e falsas, aparentemente a partir de computadores do próprio governo federal. Segundo a Folha de S.Paulo, outros políticos também foram vítimas de invasões prejudiciais semelhantes.
Como se nota pela variedade de vítimas, os interesses dos que cometeram essas intrusões são de diferentes matizes e objetivos diversos. Mas o fato de tanto os jornalistas quanto a ministra terem sido alvejados por meio de equipamentos do governo federal torna indispensável que as autoridades em Brasilia tomem providências imediatas para detectar e punir os responsáveis, além de implantar medidas que impeçam esse tipo de agressão, vinda de dentro da própria estrutura governamental.
Nossa preocupação principal, no Instituto Vladimir Herzog, é evidentemente com a integridade dos perfis dos jornalistas, pois, ao poluir suas biografias com dados mentirosos e deletérios, cometem-se pelo menos dois crimes: o primeiro, contra os próprios profissionais, que veem conspurcada sua reputação, construída com talento e probidade ao longo de décadas de trabalho; e o segundo, contra toda a sociedade, na medida em que se tenta corroer, aos olhos do público, a credibilidade de renomados jornalistas que exercem a liberdade de expressão e informação, pedra de toque da democracia.
Pior ainda: se, de dentro do governo, podem partir violações rasteiras e velhacas como essas contra jornalistas e ministros, a que tipo de abusos, provenientes da mesma fonte e pelos mesmos métodos, estamos sujeitos todos os cidadãos?
Por tudo isso expressamos nossos votos de que a sindicância instalada pela presidenta Dilma Rousseff, que deve ter início hoje, coordenada pelo secretário executivo da Casa Civil, Valdir Simão, realmente localize e divulgue os responsáveis e, mais que isso, mostre caminhos para impedir que tais violações voltem a ocorrer.
Instituto Vladimir Herzog