01/02/2021

Paulo de Tarso Riccordi

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A pergunta feita foi: em que circunstâncias você assinou o documento? Por intermédio de quem o recebeu, onde trabalhava, que idade tinha etc.

Paulo de Tarso Riccordi

Em 1976 eu era repórter na editoria de Política da Folha da Manhã, em Porto Alegre. Meu editor era o grande João Souza, presidente do Sindicato dos Jornalistas. A jovem esquerda abaixo de 30 anos lotava e conspirava aos gritos nos bares Doce Vida e Pedrini e na churrascaria Itabira, em assembleia permanente. Mas eram os velhos remanescentes do Partidão quem fazia articulações nacionais e botava a circular os documentos. O que denunciava a morte do Vlado como assassinato da ditadura circulou muito discretamente, “por cima”. Leio agora a lista dos gaúchos e vejo que toda a sucursal da então brava Veja assinou. Mas, quase que em massa, os repórteres “ratos” das editorias de Polícia de todos os jornais, também. E os ultraconservadores (para dizer pouco) diretores e editores chefes, idem. Até o ex-chefe de imprensa do ditador Médici. Mas circulou pouco, sei lá por que, entre os jovens jornalistas, que estavam sacudindo o andor e sendo despedidos em bloco, em listas hoje reveladas, assinadas e enviadas ao SNI e Dops por informantes de colarinho branco. O assassinato do Vlado e a prisão dos velhos do Partidão aqui – José Aveline e Aníbal Bendatti entre eles – tanto nos comoveram como nos impulsionaram. Os “prudentes” perderam a direção do movimento democrático quase que instantaneamente. Começou o ascenso.

24/12/2020.

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