Existe um clima de ódio em relação aos jornalistas cada vez mais pronunciado no mundo, alerta a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em seu relatório anual lançado hoje no Rio de Janeiro.
Lançamento do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa com Flavia Oliveira, Maurizio Giuliano e Rogério Sottili.
Existe um clima de ódio em relação aos jornalistas cada vez mais pronunciado no mundo, alerta a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em seu relatório anual publicado nesta quarta-feira, no qual vários países latino-americanos seguem figurando entre os mais perigosos para se exercer o jornalismo.
“A hostilidade diante dos meios de comunicação, alentada por certos dirigentes políticos, e o desejo dos regimes autoritários de exportar sua visão do jornalismo ameaçam as democracias”, assinala a ONG em sua Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2018.
Além dos países “autoritários como Turquia e Egito, que caíram na ‘mídiafobia’, a ponto de acusar de ‘terrorismo’ vários jornalistas e deter de forma arbitrária os que não lhes são leais, cada vez mais chefes de Estado eleitos democraticamente (…) veem a imprensa como um adversário”, destaca a ONG sediada em Paris.
Os Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump qualifica os jornalistas de “inimigos do povo”, retrocedeu duas posições na lista, situando-se na 45ª posição, atrás de Espanha e Chile.
Filipinas, onde o presidente Rodrigo Duterte “costuma insultar e ameaçar os meios de comunicação”, caiu seis posições (133º), enquanto a Índia, onde “os discursos de ódio contra jornalistas são comuns nas redes sociais (…) pagos pelo premier Narendra Modi”, recuou duas posições (138º).
Progresso no Brasil e excessos na Venezuela
A RSF reconhece que a situação melhorou no Brasil, onde as agressões a jornalistas se reduziram levemente, seguindo a tendência de “ligeiro progresso” na região, mas destaca que em numerosos países latino-americanos persistem problemas, como a impunidade, a violência contra jornalistas e políticas autoritárias em relação à imprensa.
A Venezuela (143º), onde o governo do presidente Nicolás Maduro “segue se distinguindo por seus excessos autoritários”, sofreu a maior queda do continente, recuando seis posições.
“Nicolás Maduro se empenha em calar a imprensa independente e segue controlando a informação”, disse à AFP o diretor para a América Latina da RSF, Emmanuel Colombié.
“Em 2017, a RSF registrou um número recorde de prisões arbitrárias e atos de violência contra jornalistas (…) por parte das forças da ordem e dos serviços de inteligência venezuelanos”, declarou Colombié.
Para a RSF, ao impedir o trabalho dos jornalistas o governo Maduro “busca encobrir a magnitude da grave crise política que sacode o país”.
Cuba, onde o “regime castrista monopoliza quase por completo a informação”, segue como o país pior classificado no continente (172º); enquanto a Costa Rica, que tem uma “sólida base legal em matéria de liberdade de informação”, ocupa a melhor posição (10º).
No México, onde onze jornalistas foram mortos no ano passado, se tornou o segundo país mais fatal para os jornalistas em 2017, destaca a RSF.
“Se os jornalistas cobrem temas ligados à corrupção das autoridades, especialmente em nível local, ou ao crime organizado sofrem intimidações, agressões e até podem ser assassinados a sangue frio”, afirma Colombié.