03/12/2015

Nota do IVH: Reorganização ou Caos?

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A Comissão Justiça e Paz de São Paulo e a Pastoral da Educação da Arquidiocese de São Paulo enviaram carta aberta ao governador Geraldo Alckmin apelando pela suspensão, por um ano, da Reorganização por Ciclos que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo pretende implantar na rede de ensino.

O documento afirma: “Preocupam-nos os riscos de desdobramentos face ao ocorrido em reunião na Secretaria da Educação, conforme amplamente divulgado, ocasião em que foi referido o termo ‘guerra’, envolvendo inclusive de forma indevida a pessoa do arcebispo metropolitano, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, que em nota já se manifestou enfatizando sua posição no sentido de que ‘o governo precisa explicar mais e melhor a proposta de restruturação do ensino no Estado aos diretamente interessados no projeto, bem como à opinião pública’.

estudantes

A carta argumenta ainda que tal adiamento “possibilitará a abertura de diálogo entre as autoridades educacionais e a comunidade escolar, bem como com toda a sociedade, visando a que o processo educativo cumpra com seu dever de estabelecer em nosso Estado a desejada educação de qualidade.”

Trata-se de um documento equilibrado e sereno ao qual o Instituto Vladimir Herzog acrescenta a seguinte indagação: Como é possível que uma Secretaria de Estado cujas ações atingem milhões de pessoas (alunos, seus pais, professores, funcionários das escolas) resolva implantar uma reforma ou “reorganização” da dimensão que se anuncia, sem divulgar sua intenção com larga antecedência e em detalhes, discutindo-a amplamente com a sociedade?

Mais ainda: Como se justifica que, como ocorreu ontem nas proximidades da Avenida Dr. Arnaldo, policiais arrancassem da rua meninos que protestavam, atirando pelo menos um deles para dentro de um camburão, como se fosse um perigoso meliante? E que hoje tenham atirado bombas de gás contra os estudantes, na Av. Faria Lima?

Torna-se mais que evidente, em nossa opinião, que, por maior que seja seu conhecimento técnico, faltam ao titular da Secretaria da Educação o mínimo de sensibilidade, percepção do impacto de políticas públicas sobre os cidadãos, capacidade de comunicação e respeito à dignidade humana.

Despido de tais atributos elementares para um administrador público, faltam-lhe, grave e evidentemente, muitas condições essenciais para ocupar o cargo que ocupa.

3 de Dezembro, 2015
Instituto Vladimir Herzog

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