Último remanescente da cúpula do PCB em 1964, Marco Antônio foi vítima de uma insuficiência renal aos 89 anos
Morreu em São Paulo, aos 89 anos, o advogado e jornalista mineiro Marco Antônio Tavares Coelho. Nascido em Belo Horizonte, em 1926, ele era o último remanescente da cúpula do PCB em 1964, quando atuou junto com Luiz Carlos Prestes, então secretário-geral do partido. Quando houve o golpe militar no país, destituindo João Goulart, Marco Antônio era deputado federal pelo estado da Guanabara e teve seu mandato cassado. Foi preso e torturado pelo governo militar, época que conta no livro “Herança de um sonho – Memórias de um comunista”, lançado em 2000.
Escritor e especialista em rios, Marco Antônio escreveu diversos livros sobre o tema. O último deles foi “Rio Doce: a Espantosa Evolução de um Vale”, publicado em 2011, que traz um estudo sobre o rio mineiro que agora, tomado pela lama, agoniza depois do rompimento da barragem do Fundão, da mineradora Samarco.
Antes do “Rio Doce”, o jornalista também publicou “Rio das Velhas – Memória e Desafios”, em 2002, e “Os Descaminhos do São Francisco” em 2005, no qual discute os conflitos da transposição do Rio São Francisco.
Marco Antônio trabalhou em jornais de Minas, São Paulo e Goiás. Foi também assessor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e editor-executivo da revista “Estudos Avançados” da Universidade de São Paulo (USP). Segundo informações de seus familiares, o escritor enfrentou uma insuficiência renal. Ele deixa a esposa Teresa, dois filhos e netos.
Confira abaixo um trecho da participação de Marco Antônio Tavares Coelho no projeto “Os Protagonistas desta História”, realizado pelo IVH em 2011 e que reúne depoimentos de jornalistas que participaram da imprensa alternativa e lutaram contra a ditadura militar.