Evento promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo protestou contra “governo de exceção”, desmonte de direitos e violência contra comunicadores.
Um ato em defesa da democracia e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo foi realizado na última terça-feira na sede da entidade, na região central da cidade.
O ato teve caráter de protesto porque, segundo o presidente da entidade, Paulo Zocchi, o país se encontra “submetido desde 2016 a um governo de exceção, com um programa de desmonte dos direitos trabalhistas e sociais, destruição do patrimônio público, abertura das fronteiras nacionais ao capital externo e hostilidade ao movimento sindical e social”.
Jornalistas, blogueiros, midiativistas, sindicalistas, estudantes, representantes de organizações da sociedade civil, entre outros, lotaram o auditório expressando seu repúdio as violações à democracia em curso no Brasil e destacando a importância do jornalismo para transformação dessa realidade.
A manifestação também marcou os 81 anos do sindicato e contou com as presenças do ator Sergio Mamberti, da cartunista Laerte Coutinho, do professor Laurindo Lalo Leal Filho, além dos jornalistas Laura Capriglione e Maria Inês Nassif, entre outros.
Durante o evento também foi lançada uma campanha de combate à violência aos trabalhadores do setor, que terá manifestações populares, plantões de assistência jurídica, além de tentativas de diálogo com o governo estadual para cobrar mudanças na atuação da Polícia Militar.
“Mais do que nunca, a entidade se mostra fundamental para defender as condições de trabalho dos jornalistas, submetidos a constantes ameaças e a uma forte pressão de precarização”, disse Maria Inês Nassif.
Para o jornalista e sociólogo Laurindo Lalo Leal Filho, Professor da ECA-USP, além de defender os direitos da categoria, o sindicato também tem que estar preocupado com a questão ética dos profissionais.
“Nossa mercadoria é diferente das de outras categorias profissionais porque nelas esse produto se esgota. Mas nosso produto não, ele permeia corações e mentes da sociedade. O jornalista tem uma responsabilidade muito grande pelo produto que coloca no mercado e o Sindicato tem que estar presente, como sempre esteve. A jornalistas que tecem críticas ao SJSP eu pergunto: por que não vêm ao Sindicato disputar as ideias aqui dentro? Porque querem fazer o jogo do patrão e não têm mais compromisso com a profissão”, disse Lalo.
O ato também contou com diversas intervenções culturais e a abertura foi marcada pela performance poética da cantora e atriz Aiosha, do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão de São Paulo (Sated-SP), com versos abordando as agruras do cotidiano dos trabalhadores e trabalhadoras. Também do Sated, Francisco Gaspar recitou o poema “Esse desemprego”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.
A cartunista Laerte Coutinho expôs algumas de suas charges que retratam a conjuntura de golpe à democracia.
Acompanhada do músico Paulo Godoy no violão de sete cordas, Railidia Carvalho cantou uma música inédita dos compositores paulistas Douglas Germano e Kiko Dinucci, canção que trata não dos heróis oficiais que a história coloca nos livros e na mentalidade da população, mas dos vencedores que fizeram a batalha por justiça social e por uma sociedade igualitária, explicou a artista.
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