14/05/2018

Família Herzog envia carta ao Itamaraty solicitando documentos sobre a ditadura

Compartilhar:

A Família Herzog enviou uma carta ao Ministério de Relações Exteriores pedindo que o governo brasileiro solicite ao governo norte-americano a liberação completa dos registros feitos pela CIA.

Em 2014, a Família Herzog obteve um importante reconhecimento: o atestado de óbito de Vladimir Herzog foi devidamente corrigido e a causa da morte oficial deixou de ser o suicídio forjado pelos militares.

Documentos que vieram parcialmente a público, na semana passada, mostram novos fatos sobre a participação do Estado na execução e tortura de opositores da ditadura. De acordo com registros da CIA, os generais Ernesto Geisel, presidente do Brasil à época, e João Figueiredo, então diretor do Serviço Nacional de Informações (SNI), e que assumiu a Presidência da República depois de Geisel, sabiam e concordaram com execução sumária de “inimigos” da ditadura militar no Brasil.

Confira a solicitação da Família Herzog na íntegra:

Exmo. Sr. Aloysio Nunes
Ministro de Estado das Relações Exteriores

São Paulo, 11 de maio de 2018.

Há mais de quatro décadas, familiares de mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura brasileira vêm trazendo a público a narrativa deste período terrível, apesar de todas as dificuldades que o Estado brasileiro coloca frente à busca da verdade e da justiça.

Acabam de revelar-se novos fatos sobre o envolvimento do Estado brasileiro na morte e tortura de seus opositores, sob a presidência do General Ernesto Geisel. Tais fatos foram expostos como fruto de pesquisas em materiais de arquivos preservados pelo Governo dos Estados Unidos da América. Os documentos históricos que narram este terrível capítulo de nossa história e que o Estado brasileiro, através das suas Forças Armadas, proclama estarem destruídos, foram preservados por outra nação.

A Família Herzog vem à vossa senhoria solicitar uma manifestação do Ministério de Estado das Relações Exteriores solicitando ao Governo Norte-Americano a liberação completa dos registros realizados pela Agência Central de Inteligência (CIA), que documentam a participação de agentes do Estado brasileiro em operações para torturarem ou assassinarem cidadãos brasileiros.

O senhor, assim como a nossa família, sabe o que foi o terror e a violência promovida pela ditadura brasileira. Uma nação precisa conhecer sua história oficialmente para ter políticas públicas que previnam que os erros do passado se repitam.

Sem mais,

Ivo Herzog
Presidente do Conselho do Instituto Vladimir Herzog

Compartilhar:

Pular para o conteúdo