Tenho o péssimo hábito de não guardar papéis mais antigos, documentos etc. Então terei que confiar na minha memória, aliás péssima. No caso do documento-denúncia sobre a morte de Herzog me lembro de que estava trabalhando no Jornal da Tarde, naquele aperto de redação da Major Quedinho, e no turno da noite. O documento veio sendo passado de mão em mão para quem quisesse assinar. Alguém às minhas costas, sem se levantar, girou a cadeira, tocou no meu ombro e me passou o documento. Li, assinei e passei ao meu subeditor, que trabalhava de frente pra mim: não me lembro se ele assinou também mas sei que ele também passou adiante. Não houve discussões políticas e não vi ninguém querendo convencer ninguém. Na época eu tinha 37 anos e havia deixado a Folha pela segunda vez. Menos de dois anos depois estaria vindo trabalhar e viver em Brasília.
7/5/2021.